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Antigo 10-10-2008, 3:56
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Padrão “sim, senhor engenheiro” - os trabalhadores da porsche

“SIM, SENHOR ENGENHEIRO” - A HISTÓRIA DOS TRABALHADORES DA PORSCHE



1 – INTRODUÇÃO.

Eu desta vez fiz um esforço grande em procurar abordar um tema que não viesse nos livros e nos manuais da marca. Andei a “chafurdar” nos meus arquivos para colocar aqui informações que não se consegue aceder tão facilmente, ou melhor dito, informações que não estão disponíveis por parte da Porsche para a massificação do público. Daí que grande parte delas não esteja publicada, o que pode ser meio caminho para arranjarmos problemas com a Polícia de Zuffenhausen. Ou se calhar não, porque desta vez vamos só dizer bem da Porsche! Mais do que isso, vamos fazer a sua apologia, e procurar angariar soldados para as suas fileiras.
Se alguém quiser tentar ser bem sucedido no mercado de trabalho Porsche convém dar uma vista de olhos ao que vai ser posto aqui.
Boa sorte !
Se batermos com muita força no peito, somo capazes de ter a humildade em reconhecer que não gostamos de trabalhar. Quem nos dera a nós termos a possibilidade de passarmos dias inteiros esticados ao sol à deriva num veleiro com o nosso nome debroado a ouro. Claro que os que trabalham forçados (não confundir com trabalhos forçados, que é uma matéria com algum incómodo para as empresas Alemãs) fazem-no com muito mais gosto se tiverem (para além do brio profissional) aquilo que é mais importante: o amor à arte e à profissão.
Eu pessoalmente confesso que abomino o que faço. Neste aspecto sou um infeliz. Trabalhar na área da Justiça é tão apelativo como trabalhar na limpeza da jaula de um elefante. E a comparação até nem é impertinente porque a Justiça em Portugal não é muito melhor do que um “cagalhoto” gigante. Também não gostava de trabalhar na Porsche, não pensem que é isso que eu vou dizer, porque também isso não é verdade. O que eu gostava era mesmo de não trabalhar e andar de Porsche. Isso sim. Isso já podia ser o meu ideal de vida.
Dito isto, passava então ao trabalhador da Porsche. É que, trabalhar para a Porsche, para quem gosta de automóveis, é como trabalhar para a “Microsoft”. Mas sem ter o Bill Gates como patrão (infelizmente). E que o digam os actuais 12.202 trabalhadores da casa Porsche. Tirando, claro, uma pequenina (?) percentagem de “ovelhas ranhosas” que insistem em povoar por todos os rebanhos.

Pois bem, se algum de nós (melhor dizendo, de vós) tiver num horizonte próximo arriscar um emprego na Casa de Zuffenhausen, basta seguir estas regras que agora aqui irão ser apontadas, que é o mesmo que dizer, terá imperativamente que seguir os seguintes Princípios:

2 - GUIA PRÁTICO PARA QUEM SE QUER CANDIDATAR A TRABALHAR NA PORSCHE.

1.º princípio - “NÓS ESPERAMOS MUITO. TAL COMO TU”.
É este o grande lema “laboral” da Porsche. Que significa apenas e só uma coisa: EXIGÊNCIA. Exigência por parte da Porsche em relação ao trabalhador, e do trabalhador em relação à Porsche. É o Princípio do equilibrio de forças. Quem entra para trabalhar, entra mesmo para trabalhar. A exigência vai ser muito alta, mas em contrapartida, vai ser garantido ao trabalhador, usar da mesma bitola em relação à entidade patronal. (pelo menos em teoria, claro).

2.º princípio - “QUEM DÁ, TAMBÉM TIRA”.
É a chamada “Philosophie vom Geben und Nehmen”. É o espírito Alemão no seu melhor. É a filosofia da Legitimidade aplicada como princípio orientador das decisões. Se quem proporciona grandes vantagens ficar defraudado nas contrapartidas, fica automaticamente legitimado moralmente para as retirar.
Para que o trabalhador não falhe perante a entidade patronal terá que CUMULATIVAMENTE:
1) Ter confiança na Porsche;
2) Ser extremamente competente e rigoroso;
3) Estar habilitado a transferir e a receber responsabilidades.
4) Ser original e empreendedor;
5) Ser individualista sem prejudicar o espírito de equipa.


3.º princípio - “AS PESSOAS SÃO OS VERDADEIROS MOTORES”.
(Der Mensch ist der eigentliche Motor) É o primado do trabalhador enquanto pessoa humana. É a máxima maior da empresa de cariz familiar. É a incorporação do verdadeiro espírito da Porsche: a excelência e o CÉREBRO humano ao serviço da empresa. Quer a nível individual pela entrega e pelo esforço de originalidade, quer como equipa e trabalho em comunidade.

4.º princípio - “ORGULHO, MOTIVAÇÃO E AMBIÇÃO”.
É fruto mais uma vez do espírito Alemão. Neste campo os Alemães são mais parecidos com os Japoneses do que com os latinos. Existe ainda muita reminescência de uma ideia de superioridade fria, transportada dos anos 40, através do ADN do trabalhador alemão. E que é muito cara à Porsche. É pensar que são melhores que os outros e acabarem mesmo por sê-lo. É inconformar-se com tudo o que fique abaixo do destaque. É querer ser melhor que todos os outros juntos. É a procura constante da perfeição e da SUPREMACIA. A supremacia técnica, a supremacia económica empresarial, a supremacia dos mercados comerciais. Os Prémios. As medalhas. Os primeiros lugares. A Porsche nunca quis saber do “fair-play”. Um segundo lugar para ela é profundamente humilhante. E é isto que nos deixa a todos nós fascinados.

5.º princípio - “INOVAÇÃO E GÉNIO”.
É a transposição das qualidades dos fundadores para os trabalhadores. É a filosofia dos Porsche aplicada à Porsche. É a constante recusa na acomodação e na estagnação técnica e tecnológica. É a procura incessante da evolução em nome do Progresso. Ferdinand Porsche não era um Engenheiro nem um Professor. Era acima de tudo um inventor. Ele foi uma constante dor de cabeça para os orçamentos das empresas por onde passou. A sua veia criadora, nomeadamente de veículos e sistemas mecânicos era de tal maneira irrequieta que os Patrões estavam constantemente a tentar travar-lhe o ímpeto experimental, que trazia despesas absolutamente descontroladas.
Havia uma anedota que era uma “private joke” dos trabalhadores da Austro-Daimler que rezava assim: Um cliente que tinha comprado um carro novo na Primavera aparecia com o carro na Oficina da Marca em Setembro para se queixar de uma qualquer avaria. O Chefe da oficina ficava a olhar para o carro, mandava reunir todos os trabalhadores da oficina e dizia-lhes. “já viram? Um dos nossos carros antigos? Lembram-se deste clássico?” e depois, virava-se para o cliente e dizia-lhe: “Ó amigo, desde que você comprou o carro já lançamos 5 novos modelos. As peças para o seu há muito que estão descontinuadas”.

Chegados a este ponto já percebemos que as coisas não são tão fáceis como concorrer ao IKEA. É que, ao contrário do IKEA, na Porsche...não se dão abraços nem palmadinhas nas costas...

Quem quiser, poderá aproveitar para se candidatar ao Programa de Estágio para aprendizagem que a Porsche proporciona em várias áreas:



3 - OS PRIMEIROS TRABALHADORES DA PORSCHE.



E quando falo dos primeiros falo dos dos anos 30. Esta coisa da Porsche ter duas linhas históricas paralelas é muito bom para umas coisas, mas muito irritante para outras. Até porque se tem que andar constantemente a fazer referência a qual das linhas é que nos estamos a referir. Para a Porsche dá-lhe jeito ter a contagem do ano zero a partir do Gabinete de Estugarda de Ferdinand Porsche (1931) e também a partir de 1948 (data do primeiro Porsche). É um forrobodó Histórico (oportunista) em oportunidades de comemorações, muito bem aproveitado pelos Departamentos de Marketing da empresa. Mas em boa verdade, se quisermos ser justos, existe uma explicação racional para a existência de DUAS LINHAS HISTÓRICAS PARALELAS. É que, inicialmente, a história da Porsche começava apenas em 1931. Porém, essa linha histórica, vai compreender e abarcar a ligação NAZI da Porsche. É a Porsche do Terceiro Reich. Claro que, muito cedo se percebeu que essa linha histórica teria que ser abandonada, para se arranjar uma outra politicamente mais correcta, que fizesse esquecer a participação da empresa na Segunda Guerra Mundial. Daí que, a segunda linha que arranca em 1948, é actualmente, a linha principal. Para a existência das duas histórias Pois bem, pegando na data mais antiga, Ferdinand Porsche, depois de muitos anos a trabalhar para os outros, decidiu lançar-se por conta própria no dia 1 de Dezembro de 1930 na Kronenstrasse n.º 24, em Estugarda. O gabinete de desenho e de engenharia passar-se-ía a chamar "Porsche Konstruktionsburo fur Motoren-Fahrzeug-Luftfahrzeug und Wasserfahrzeugbau” a partir do dia 25 de Abril de 1931, altura pela qual foi registado no Registo Mercantil de Stuttgart. Deste pequenino gabinete vão sair criações monstruosas da História da Engenharia e veículos com a importância do Auto Union ou do Volkswagen. Velocidade de crescimento = dos 0 aos 12.000 trabalhadores em 77 anos (esqueçam por favor a comemoração recente dos 60 anos, porque, como referi, estou a usar a outra escala). Para além do próprio Prof. Dr. Ing. H. C, os primeiros trabalhadores de Porsche foram: Karl Peter Rabe – Engenheiro-chefe recrutado à Austro Daimler. Karl Fröhlich – Especialista em caixas de velocidades. Josef Kales - Especialista em motores arrefecidos a ar. Vindo da Skoda e da Tatra. Josef Zahradnik - Especialista em chassis e direcção. Erwin Komenda – Desenhador e carroceiro. Josef Mickl - Especialista em aerodinâmica. Franz Xaver Reimspiess – Especialista em motores. Ferdinand Anton Ernst Porsche (Ferry Porsche) – Ex-técnico da Bosch e da Steyr. O primeiro registo oficial de trabalhadores data de Dezembro de 1931: 19 trabalhadores. Passaram 3 anos e o número de trabalhadores sobe para 35, registado a 1 de Janeiro de 1935. A Porsche não pára de crescer aceleradamente e na contagem seguinte, efectuada em Dezembro de 1938 a Porsche apresenta já uma estrutura de 176 trabalhadores. A piada é que, destes 176 trabalhadores, 72 eram Engenheiros e Administradores. O que diz bem sobre o tipo de trabalhos que por aquelas bandas eram efectuados. Era Engenheiro para a frente, Engenheiro para trás e já agora também Engenheiro para os lados. “Sim, Senhor Engenheiro” era a frase mais ouvida naqueles tempos.
Em 1939 Ghislaine Kaes elabora um dos primeiros organigramas da empresa. Deve ser provavelmente dos documentos mais comoventes de toda a História da Porsche.



Com a criação da Porsche Dr. Ing.h.c.F.Porsche G.M.B.H. em 1949 a Porsche regressa a Estugarda depois da aventura de Gmund em terras Austríacas. O exílio temporário nos Alpes, ficou a dever-se, como todos sabemos, à 2.ª Guerra Mundial. E no regresso a STUTTGART, uma nova equipa de notáveis se fez destacar na reinstalação da empresa. Ficaram conhecidos como “OS 12 DE ESTUGARDA” e eram eles: 1) Ferdinand Porsche. 2) Ferry Porsche. 3) Franz Xaver Reimspiess: o homem que inventou o símbolo da Volkswagen). 4) Miss Helene Werkmeister. 5) Karl Kirn: (Financeiro). 6) Hans Klauser: (Gerente da fábrica e do pessoal). 7) Ernst Fuhrmann:(Engenheiro Designer). Hans Kern: (Especialista em Finanças). 9) Ghislaine Kaes: (Secretário pessoal do Prof. Ferdinand Porsche). 10) Herbert Linge: (Entra na Porsche em 1949 como o primeiro trabalhador contratado). 11) Karl Schilling: (Head of the Purchasing Section in the Racing Department). 12) Dr. Ing Albert Prizing: (Director, o equivalente a Administrador) que ficou conhecido por ter regressado de uma conferência sobre importação em Wolfsberg em 1950, com 37 encomendas.

Foto: Ferry radiante com o Prof. Dr. Albert Prinzing:



Os cerca de 200 trabalhadores da Porsche, produziram até 1950, 298 automóveis. O carro n.º 500 ficou completo no dia 21 de Março de 1951 e o Porsche n.º1000 no dia 28 de Agosto de 1951. O Porsche n.º 5000 foi concluido a 15 de Março de 1954. As instalações da Porsche são ampliadas em 1956, uma vez que a produção disparara no ano de 1955 que foi excelente. A ideia era expandir o número de trabalhadores ao mesmo tempo que se criavam novas potencialidades através de mais modernas instalações. O local escolhido foi Friedrichshafen-Manzell e correspondia à antiga fábrica da Donier/Zeppelin. Embalados com a rapidez de recordes, a Porsche chega à Primavera deste ano de 1956 com a construção do Porsche n.º 10.000 que coincidiu com os 25 anos da Empresa (o Jubileu).

Foto: outros organigramas da empresa.



Foto: O primeiros trabalhadores da Porsche em fotografias tiradas para após a admissão na empresa:



Foto: os Cartões dos trabalhadores. O primeiro é o cartão de trabalhador de Ferdinand Porsche na fábrica da Volkswagen. O segundo é o cartão de trabalhador de Erwin Komenda na Porsche KG e o terceiro é o de Herbert Linge, também na Porsche KG. Linge: o primeiro trabalhador “oficial” da empresa. É uma espécie de “k45-286” dos trabalhadores, se é que me faço perceber:







Este já mostrei noutro lado, é um dos documentos preferidos da minha colecção: um dos primeiros anúncios de Jornal colocado pela Porsche para contratar um trabalhador (no caso um rapaz para gasolineiro):



Fotos: Kronenstrasse 24, numas fotografias tiradas no primeiro Gabinete. A terceira foto é um conjunto de fotografias da construção da Spitalwaldstrasse n.º 2, quando a Kronenstrasse começou a ficar apertadinha:







4 - OS PRIMEIROS MECÂNICOS DÃO ENTRADA NO HOSPITAL.

Depois da aventura em Gmund, a Porsche regressa a Estugarda, mas serão precisas muitas negociações para o conseguir. É que, a Werk 1 tinha outros inquilinos. Estava transformada num Hospital Militar, ocupada pelos militares Franceses. A Werk 1, enquanto Hospital estava cingida a uma ala para isolamento de doentes Tuberculosos. Para além de Hospital a Werk 1 serviu de oficina para reparação de veículos militares, principalmente camiões, numa outra ocupação militar do Edifício, então pelo Exército Americano. O Edifício, pelas suas características e localização era altamente aliciante e desejado por todos. É que o próprio Terceiro Reich, também o tinha em tempos ocupado, fazendo dele um sinistro laboratório experimental… Existem muitas histórias sobre os primeiros trabalhadores da Porsche, que não eram considerados uma mão-de-obra qualquer. Tinham o irritante hábito de obrigarem cada um dos potenciais novos clientes que se dirigiam à fábrica (na altura ainda não tinham inventado os Centros Porsche) e obrigá-los a usar uma caixa de velocidades sem fazer barulho. Se a pessoa chumbasse nesse teste, começavam logo a dissuadi-lo de comprar um Porsche. O que foi bastante embaraçoso na altura, já que entre os primeiros Clientes de Zuffenhausen estavam o Duque de Harrar, o Conde Metternich, o Príncipe Wied, os dois Príncipes de Hannover, O Príncipe de Furstenberg, o Príncipe Thurn und Taxis e a Família Krupp. Tudo gente simples já se vê, e disposta a receber bem piadolas vindas de mecânicos. Depois inventaram um sistema fantástico de assunção de responsabilidades que também foi pioneiro na Indústria automóvel. A assinatura personalizada do Cárter. O motor demorava cerca de 25 horas a montar. Entre os mecânicos foi feito o pacto de cada um colocar as suas iniciais no fim de cada montagem, para ser o próprio a dar a cara, quando, no futuro, surgisse alguma avaria.

Foto: a Werk 1:


Foto: rara e curiosa foto tirada no exterior da Werk 1 em Zuffenhausen. Não, não são os trabalhadores da Porsche: são os soldados aliados, quando ocuparam as instalações:



Foto: os trabalhadores/construtores do 356 pré-A:



Foto: imagens de estudos de maquetas da zona de Zuffenhause, feita por Arquitectos para a porsche:





Foto: o Jornal dos trabalhadores: “O Carrera”:


















5.1 - O DEPARTAMENTO DE PESSOAL DOS ANOS 50:

Na primeira fase do arranque da produção do 356, um trabalhador da Porsche recebia de salário a quantia de 1,35 Marcos à hora. O responsável pelos pagamentos dos trabalhadores era Alfred de Maightque era o encarregado de proceder ao pagamento dos 614 empregados da empresa. Os salários não eram pagos mensalmente, mas sim de duas em duas semanas, e em dinheiro vivo. Em 1955 assume funções nos pagamentos de salários, Heinz Rabe. O levantamento do dinheiro dos salários dos trabalhadores num Banco de Zuffenhausen, era feito no próprio dia do pagamento depois de ser dada uma pré-ordem de disponibilidade do numerário, exactamente 48 horas antes. A Porsche tinha um Volkswagen Carocha para o efeito. Um carro propositadamente discreto, já que se destinava a transportar constantemente 250.000 Marcos, que era geralmente o montante que era levantado para pagar a todos os trabalhadores. Naquela época destes primeiros salários, não havia ainda grande disciplina, os tempos eram difíceis, e havia o vício do adiantamento, que geralmente era requisitado ao fim de cada semana com pedidos de 50 Marcos. Também nessa época as primeiras leis laborais do pós-guerra começam a ser implementadas na Alemanha, e Ferry Porsche faz questão de transformar a empresa num exemplo de cumprimento das regras. Pela primeira vez na sua História, a Porsche faz questão de demonstrar publicamente a forma exemplar com que tratava (e sempre tratou) os seu empregados e trabalhadores. Em 1956, é assim, instituído um Plano de Pensões de Reforma, o que era um assombro para a época. O Plano consistia na garantia aos trabalhadores de um pagamento adicional de 15% do último salário para trabalhadores com mais de 10 anos de serviço, acrescido de meio ponto percentual, por cada ano adicional. Paralelamente, a Porsche decidiu criar um Fundo de Reserva de Pensões próprio que, no presente, já ultrapassou em muito, o equivalente a 500 Milhões de Marcos. Em 1957 a Porsche introduz como complemento de salário, o Subsídio de Férias que é atribuído pela primeira vez a apenas 170 trabalhadores. Não é que a Porsche nunca se tenha preocupado com as férias dos seus trabalhadores. Isso não é verdade. Em termos jurídico-laborais o conceito é relativamente recente, e a Porsche, desde que existiu que organizava uma EXCURSÃO ANUAL DE FÉRIAS PARA TRABALHADORES PORSCHE, que era, diga-se, uma coisa muito apreciada por todos. O passo seguinte da empresa Porsche na ajuda aos seus trabalhadores foi a criação da FUNDAÇÂO PORSCHE. Esta Instituição foi criada com o espírito de ajuda a todos os trabalhadores da Porsche que sejam vítimas de infortúnios, como o descalabro financeiro ou o acometimento de uma doença grave. Em 1960, a Porsche volta a ser pioneira em Direitos Laborais e institui na sua empresa, a regra do pagamento de salário, mesmo em caso de doença do trabalhador. E, em 1961 Ferry Porsche acaba com a distinção dos trabalhadores AZUIS dos trabalhadores BRANCOS. Todos passam a receber:

1 – Décimo terceiro mês por ocasião do Natal, equivalente a 100% de um mês de salário norma.

2 – Bónus de Férias no valor de 60 Marcos (equivalente ao nosso subsídio).

3 – Bónus de Outono no valor de 30 Marcos.

4 – Suplemento de Maio, no valor de 8 Marcos, na condição de participarem nos rallyes organizados na Praça da Câmara de Estugarda, no dia do trabalhador.


Em 1964 foram instituídas pela Porsche os chamados BÓNUS DE LEALDADE, que se traduziam na atribuição de residências de Férias para trabalhadores e aqueles que celebravam 25 anos de trabalho recebiam um mês de salário e um pin de ouro maciço com um Diamante e dois Rubis, igual ao que era fabricado apenas para os membros da Família Porsche e para o quadro da Administração. Era o sinal da máxima distinção dentro da empresa. (aqui há uns anos atrás ofereceram-me um desses pins para comprar, que são ultra-raríssimos. Pediram-me 100 e tal contos que na altura achei muito dinheiro. Não o comprei, e, claro, arrependi-me profundamente).

Foto: Heiz Rabe com os prémios ganhos pela organização na Porsche:



Foto: o “Holly Grail” dos pins:




5.2 - ACTUALMENTE O TRABALHADOR DA PORSCHE É PAGO DA SEGUINTE FORMA:

1 – 13,7 meses de salário anual;

2 – Ex-gratia adicional ao subsídio de férias e de Natal.

Este Bónus tem vindo sempre a aumentar e já ultrapassou os 5.000,00 € por trabalhador. O bónus é sempre anunciado através de Press Releases. Para além disto os trabalhadores nunca são esquecidos. Quando tal se justifica são mimados com pequenas prendas e lembranças, muitas delas verdadeiramente originais. Desde pequenos pins a capôts assinados, a pequenas miniaturas personalizadas em edições limitadas e por aí fora. Por outro lado, também foi sempre tradição na Porsche os trabalhadores da empresa oferecerem prendas aos membros da famía, em sinal de reconhecimento, nos seguintes eventos:

1 – No dia de anos dos principais membros da Familia, especialmente em datas mais significativas.

2 – Nos dias de anos da empresa, principalmente os que se referem a grandes datas (10, 20, 25, 30, 40 etc).

3 - Nas comemorações das grandes metas de produção dos modelos.

4 – Na época de Natal. A ideia das prendas foi fervorosamente instituída por Dorothea Porsche, mulher de Ferry Porsche, que era a grande responsável pela organização da festa de Natal que todos os anos era celebrada na CAFETERIA DOS TRABALHADORES. A regra era a de que, todos os filhos dos trabalhadores até aos 12 anos, tinham direito a receber uma prenda da Porsche. Paralelamente, Dorothea (Dodo) Porsche organizava também para todos os filhos dos empregados peças de teatro baseadas em contos de Fada e que eram realizadas em dois teatros de Estugarda: o Kammertheater e o Staatstheater.

Uma curiosidade: os Porsche, principalmente os membros da Família, sempre primaram em celebrar todas as festas, mesmo as dos seus próprios aniversários, na CAFETERIA DOS TRABALHADORES, porque era uma forma simpática de partilharem a alegria com todos, mesmo com os mais humildes.

Foto: em grande parte dos objectos de agradecimento, a Porsche increvia as palavras: “Porsche Danke”:



Foto: outras prendas para quem se destacou na Porsche:





Foto: Wolfgang Porsche no dia dos seus 65 anos (completados este ano) com a prenda que os trabalhadores lhe ofereceram: um Kart personalizado com a placa com o n.º 65. Esta imagem é tirada exactamente no exterior da CAFETERIA dos funcionários das instalações em zuffenhausen. Á direita vemos os ofertantes, os trabalhadores. Os miúdos que aparecem são os bisnetos de Ferdinand Porsche. Se olharem atentamente para a fotografia, ainda vão conseguir ver um pormenor fascinante: ali a um canto, meio envergonhado com o neto a gemer na “gerinçonça” encontra-se o...”K45-286”!



Foto: Wiedeking e a restante Administração ofereceram por sua vez, uma bonita pintura de Wolfgang com uma miniatura nas mãos:



5.3 – THORA HORNUNG, EVI BUTZ GURNEY – O STAFF FEMININO AO SERVIÇO DA BELEZA E DOS FUNERAIS.

A Porsche sempre foi sensível ao charme feminino, que desde sempre integrou com particular empenho, o universo da empresa. No início, foi Huschke von Hanstein, conhecido como o “Barão da Porsche ou das corridas” ou o “Conde da Porsche”, pelo seu aspecto aristocrático de bigode fininho arrebitado, quem ficou como responsável pelo departamento de Relações Públicas da Porsche. Huschke von Hanstein entra para a Porsche nos anos 50 como vendedor de automóveis. Vai fazer grande sucesso a vendê-los aos aristocratas, muitos deles seus amigos. A sua forma de bem receber era tão apreciada que desde logo ele foi aproveitado para fazer acções de charme junto de cada visita mais importante que a Porsche recebia, nomeadamente para se relacionar com a realeza que era assídua clientela da marca. O “Barão”, desde logo que fez questão de trazer para a Porsche, vários elementos femininos que foram determinantes na imagem da Porsche naquela altura. Foi ele que inventou o conceito “Porsche” como nós o conhecemos: como carro exclusivo, como carro de corrida apenas ao alcance do verdadeiro apreciador de automóveis. Até meados dos anos 60, a politica da Porsche foi não fazer publicidade, fruto exactamente destas ideias de exclusividade. Até muito tarde, a publicidade da Porsche apenas estava reservada aos vendedores e representantes. O gabinete de relações Públicas da Porsche, teve nos anos 60 um papel colossal: tratava de todos dos assuntos relacionados com a Competição automóvel, com o apoio logístico aos Pilotos, fazia a Coordenação mundial dos Porsche Clubes; era responsável por todas as apresentações dos novos modelos; pelas visitas à Fábrica, os relacionamentos com a imprensa, a organização das famosas festas de Natal, o fabrico das prendas e dos brindes da Porsche e ainda a organização dos Funerais das pessoas ligadas à empresa. As “meninas da Porsche” eram, por isso, extremamente atarefadas: para além de Thora Hornung e Evi Butz, “pululavam” também pelo departamento de RP, na WERK 2, Erna Angemeer e Ilse Naedele. Thora ficou conhecida por dar a cara e o corpo a quase todas as campanhas da Porsche daquela época. A gestão de imagem imposta pelo "Barão", lavava a que se adoptasse o recurso à “prata da casa”. Ele próprio dava o exemplo, já que era ele próprio que filmava os filmes que fossem precisos fazer. Evi Butz, que trabalhou muitos anos na Porsche para o ele, vai revelar interessantíssimas histórias na sua Biografia. Como aquela em que ele foi enviado para o Salão Automóvel de Helsínquia, praticamente sem dinheiro e constatou que as grandes marcas como a Mercedes, estavam a dar apresentações luxuosíssimas à Imprensa. Como o Barão não podia fazer nada disso, mas queria garantir que os jornalistas não se esquecessem da apresentação da Porsche, o local que ele escolheu foi uma Sauna, e tinham que participar todos nús.

Foto: Evi, Huschke von Hanstein e Thora Hornung:



Foto: Porsche Girl:



5.4 - ERICH KAKALIK E GISELA KOLOSKA – MEIO SÉCULO DE TRABALHO E DEDICAÇÃO.

Gisela é uma mulher engraçada, com 64 anos, com 50 anos a trabalhar todos os dias na Porsche. Entrou pela primeira vez na casa de Zuffenhausen em 1956. Só por uma vez isso tinha acontecido. Tinha sido em 2003 com ERICH KAKALIK. O primeiro a chegar às bodas de ouro. Nesse dia, Wendelin Wiedeking, Wolfgang Porsche, Uwe Hück e Holger Härter (uma comitiva de luxo) juntaram-se e fizeram questão de ir ter com Gisela. A primeira vez que ela entrou na Werk 1, em Zuffenhausen, tinha apenas 14 anos e ao longo da vida foi passando de divisão em divisão, até chegar a Secretária do Tesouro da empresa. Foi elogiada pela sua lealdade à marca, um valor que é muito apreciado pela Porsche. Já a sua mãe tinha sido empregada de Ferdinand Porsche e o seu irmão um dos trabalhadores de Weissach. O exemplo de Gisela foi apontado como uma prova de que a Porsche é um local onde um trabalhador pode viver e trabalhar feliz durante décadas.

Foto: os pesos pesados reunidos para dar os parabéns a Gisela:



6 - O IG METALL – O FIM DA VIE EN ROSE DA PORSCHE.

E em meados dos anos 60, numa altura em que a Porsche vinha sistematicamente a implementar medidas beneficiárias do trabalhadores…desaba tudo! O comunismo abate-se sobre a Porsche sob a forma da Central Sindical que representa o Sindicato dos Metalúrgicos Alemães. E o Sindicato vai intrometer-se no meio dos trabalhadores da Porsche e vai manipulá-los completamente, levando-os a crer que a sua entidade patronal os estava a explorar. E ficou programado que, através da União, seria possível exigir à Porsche conseguir um aumento salarial de 80%!!! Resultado: 70% dos trabalhadores aderiram à IG Metall. A Porsche assistiu incrédula a um ensandecimento colectivo e histérico dos seus trabalhadores. E o inevitável acabou por acontecer: a primeira GREVE. O que constituiu uma mudança inevitável no relacionamento da empresa com os seus trabalhadores. Foram três intermináveis semanas de greve e a família Porsche percebeu que as coisas nunca mais seriam como até ali. A empresa perdeu a virgindade, e foi traída – tudo na mesma consumação desse acto! E a IG Mettal agigantou-se, a ponto de presentemente contar com mais de 2 milhões de membros.

7 - ALGUNS NÚMEROS DE PRODUÇÃO DE VEÍCULOS DA PORSCHE:

1950 – 298 veículos.

21 de Março de 1951 – 500º Porsche.

28 de Agosto de 1951 – 1.000º Porsche.

1951 – 1.182 veículos.

1952 – Inaugura-se um Show Room de vendas na Rua Franz Josef.

15 de Março de 1954 – 5.000º Porsche.

1955 - 2.952 veículos.

1956 – Inauguração das instalações de Friedrichshafen-Manzell nas supra referidas antigas instalações da fábrica da Donier/Zeppelin.

1956 (Primavera) – 10.000º Porsche e 25o Aniversário da Empresa (Jubileu).

Maio de 1957 – As vendas e a Administração mudam-se para o "Campo Porsche" na Áustria (Porschehof Salzburg) situada na Rua Fanny Lehnert.

1959 - 7.055 veículos. (27 por dia).

1960 - (32 veículos por dia).

1962 - (40 veículos por dia).

1966 - 13.134 veículos. (1948 to1966, fabricados 79,200 Porsche Type 356).

1970 - 16.761 veículos.

1971 – A Divisão dos Departamentos de Estudo, Teste e Design move-se para as novas instalações de Weissach a 25 kilómetros Noroeste de Stuttgart-Zuffenhausen. Para além da pista de testes, Weissach abarca ainda as instalações do túnel de vento,de crash tests, the de controle de emissões, etc. É aqui que em 2001 se irá instalar o PEG, o Porsche Engineering Group GmbH, e o Centro de Desenvolvimento da Porsche irá atingir nessa altura os 2.300 trabalhadores.

1971 - 10.949 veículos.

1972 - 14.503 veículos.

1973 - 15.415 veículos. E chegamos a 1973! Á era moderna da Porsche.


8 - WENDELIN WIEDEKING – O TRABALHADOR BILIONÁRIO DAS BATATAS.

É o “PORSCHE CHEF”. O topo da pirâmide. O Boss. É o nosso profeta Maomé. É uma lenda viva da Porsche. Digam o que disserem, ele é e será sempre, para mim, uma das mais proeminentes figuras de toda a história da Porsche. Wiedeking é de outro planeta. De outra galáxia. Um extraterrestre com aspecto de pessoa. É um génio. Nunca na história da humanidade se teve conhecimento de tanta capacidade de gestão. É uma pessoa que quando lhe vão tirar uma fotografia ao lado de um Porsche, faz questão de se ajoelhar ao seu lado, numa pose que é já uma imagem de marca. Quem já teve o privilégio de percorrer o corredor sombrio do primeiro andar da Werk 1 em Zuffenhausen, ficaria estúpido em saber que tanto Wolfgang Porsche como Wendelin Wiedeking têm por ali os seus gabinetes. Dois dos homens mais ricos da Alemanha e tão pouco luxo. O gabinete de Wiedeking apenas tem nas paredes uma fotografia a cores de Friedensreich Hundertwasser (filósofo, arquitecto e escultor Austríaco) e 12 folhas A4 com gráficos de produção e lucros empresariais da empresa. O próprio Wolfgang Porsche não vai em quaisquer luxos. O seu gabinete é todo forrado a madeira, com bastante couro preto, um armário de louça e umas cortinas gastas. E um retrato do Avô. E de onde veio esta mobília? Precisamente do gabinete onde o seu Avô, Ferdinand Porsche desenhou o Volkswagen. A Alemanha levou um dos maiores choques da sua sociedade trabalhadora, no dia em que foi revelado o salário de Wendelin Wiedeking. O assunto teve mesmo que dar origem a um dossier especial do Presidente Köhler para tentar evitar uma fractura na Sociedade. E isto porque em 2006, a Alemanha tinha já ficado em estado de choque quando soube que Josef Ackermann do Deutsche Bank tinha ganho só nesse ano, €13 milhões de Euros. É que Wendelin Wiedeking, ganha mais, muitíssimo mais. Foi pública a guerra levada a cabo por ele, durante vários anos, em defender o direito ao silêncio sobre o salário que auferia. É que ele sabia muito bem que no dia Em que os números viessem a público, o efeito seria o equivalente a uma bomba atómica. É que na Alemanha 1000 € podem dividir os salários de um condutor de autocarros dos de um médico. Wiedeking dizia sempre que o importante era apresentar lucros e resultados aos accionistas. Os accionistas apenas deveriam preocupar-se com esse aspecto. O direito ao silêncio foi combatido até ao limite contra o Ministério da Justiça, que insistia em invocar o respeito pela Constituição Alemã. O que a Porsche pretendia, ao invés, era comunicar os salários de todos os seus trabalhadores, globalmente, sem descriminar categorias, como fazia nos seus Relatórios Anuais de contas. Foi uma batalha jurídica muito dura, pois erma invocadas disposições normativas europeias sobre os direitos e liberdades da pessoa humana à protecção de dados privados. Os números? Bem…este ano foram 157 milhões de Euros. O ano passado (2007) tinham sido 70 milhões. São valores assombrosos. E não deixa de ser caricato este salário ser recebido por alguém cujo grande hobbie é plantar batatas. E agora, de uma vez por todas, vou tentar desmistificar este ordenado. Será que é possível existirem clivagens destas na sociedade? É. Independentemente, claro, de questões morais que obviamente são beliscadas, face a situações de extrema pobreza que há no Mundo.

8.1 - AS RAZÕES DO PERMANENTE EUROMILHÕES DE WIEDEKING:


1 - Quando Wiedeking subiu a CEO e pegou na Porsche moribunda em 1992, em situação de pré-falência, injectou na empresa todo o seu capital privado. Deliniou uma estratégia de Gestão. O resultado? (vejam bem com atenção!) Transformou uma empresa de 300 milhões em 17 Biliões de Euros.

2 – Perante o milagre Wiedeking, a Família Porsche, reconhecida, grantiu-lhe 1% do lucro da empresa. (esta informação não é oficial nem é conhecida)

3 – Os salários são fixados pelo “Board of Directors” da Porsche.

4 – O próprio “Management Board” composto por 6 “trabalhadores” repartem entre eles anualmente mais de 100 milhões de Euros.













Foto: a imagem de marca de Wiedeking: ajoelhado ao lado do Porsche:





9 - DE “KG” A “AG” – O “APOCALIPSE NOW” DOS TRABALHADORES.

Em 1948 (o ano do 1.º Porsche) a empresa tinha exactamente 222 trabalhadores e até ser constituída como sociedade anónima em 1 de Março de 1973 (momento em que a Porsche passa de KG para AG) vai expandir-se até ao número de 3.844 trabalhadores. No dia em que a Porsche se apresenta ao Mundo como uma sociedade anónima, Karlernst Kalkbrenner chefe dos trabalhadores da Porsche, manda reunir todos os trabalhadores da Porsche, agarra num microfone e diz “tenho a honra de vos anunciar que a nossa empresa tem agora uma forma legal apropriada ao seu tamanho e à sua importância internacional”. Era verdade. O que ele não imaginava nem sonhava é que essa dimensão também iria ser ampliada aos problemas laborais. No início estavam destinados 10 accionistas, todos da família. Cinco do lado Porsche e cinco do lado Piech. Segundo Branitzki e Hans-Jürgen Vollert, Ferry Porsche nunca teve em mente a subscrição pública de acções de forma a aumentar o capital. Esta era a sua ideia inicial. Que vai mudar em 1984 porque um dos membros da família Piech decidiu vender a sua parte. O conselho de família da Porsche tocou a rebate e, para não afectar as reservas de capital da família, optou-se por oferecê-las ao público. Contudo, para que não perdessem influência, os Porsche e os Piech, acordaram em emitir acções sem direito de voto, mas que incluia uma garantia de dividendos sujeita a pagamentos retroactivos. Em Abril de 1984, são lançadas no Mercado 420.000 acções da Porsche, denominadas “preferênciais” no valor de 21 milhões de DM (marcos) que foram distribuídas por cerca de 30.000 accionistas. Com um excelente valor de 1.020 DM por acção que foi atingido em 1984 as acções da Porsche vão cair até os 400 DM até 1992, o período negro da Porsche, antes da descida à terra de Wendelin Wiedeking (que as irá fazer subir até ao valor unitário de 5700 DM nos anos seguintes). E a “extinção dos dinossauros”, a “subida dos oceanos” vai acontecer exactamente por causa das duas facções derivadas de Ferdinand Porsche: a Família Porsche e a Família Piëch (esta derivada da irmã de Ferry Porsche, Louise Piëch). E no meio da discórdia, está o COLOSSO ALEMÃO: a VOLKSWAGEN.

Fotos. “Os momentos da verdade” – da KG à AG, à SE:











Foto: Ferry Porsche com Ernst Fuhrmann, um dos homens da casa que saiu dos carros para vender as Acções:




10 – PIECH VS PORSCHE VS PIECH VS PORSCHE.

Eu aqui ou ter que usar de alguma contenção, porque senão nunca mais daqui se saía. Tenho mesmo que abreviar muito, porque esta Guerra é do tipo da dos “100 anos” e afasta-se bastante do nosso tema que são os trabalhadores. E prometo que não vou maçar ninguém com a questão do direito de veto por parte do Estado da Baixa-Saxónia e da “famigerada” e enjoativa “Lei Volkswagen” que vigora há 48 anos. É que, do lado austríaco, Ferdinand Karl Piëch, neto de Ferdinand e filho de Louise, aparece como uma personagem dotada de um génio implacável. Pai de 13 filhos, já disse uma vez em público que o objectivo dele era passar o maior número possível dos seus genes superiores, que irão um dia governar a Alemanha. E o problema é que, Ferdinand Piëch chegou a a Chairman e a CEO da Volkswagen. Para além disso Piëch detém 13% da Porsche. A constante e permanente picardia e competição, vem já de muito longe, eu até arriscaria dizer, desde que Louise começou a namorar com Anton Piech. O certo é que nos anos 70, a rivalidade entre a Porsche Alemã e a Porsche Austríaca, chegava ao ponto de ser transposta para as pistas, em carros oficiais concorrentes entre si. O que, diga-se em abono da verdade, comparativamente ao que se assiste hoje, até podia ser encarado como saudável. A tentativa de contenção entre as duas partes da família, já remonta a 1972, quando foi decidido que os membros da Família Porsche não poderiam directamente integrar o Quadro da Administração. O monstro foi “ressuscitado” precisamente no dia em que a Porsche decidiu atacar de assalto a Volkswagen. E porquê? Porque à frente da Porsche está NAPOLEÃO BONAPARTE, mais conhecido por Wendelin Wiedeking. Wendelin representa o David a bater o pé ao Golias (expressão que foi pela primeira vez usada pelo Barão, diga-se a título de curiosidade). E as consequências são de dimensões imprevisíveis. E são suficientemente grandes para beliscar o equilíbrio da economia mundial do sector. Neste preciso momento, os lideres de ambos os lados da família: Wolfgang Porsche e Ferdinand Piëch, estão em pé de guerra, numa “luta de galos”, que é como quem diz: de primos. É que, enquanto Presidente do Conselho de Administração da Volkswagen, Ferdinand Piëch, absteve-se na votação na última Assembleia-geral, para a aceitação do requerimento do Presidente do Conselho da Volkswagen (que representa os direitos dos trabalhadores), que propunha que qualquer cooperação futura entre a Audi e a Porsche terá que ter sempre o aval do Conselho de Administração da Volkswagen. Piech posicionou-se desta forma, abertamente, contra a Porsche e deixando toda a gente pasmada, tendo em conta que ele próprio é um dos maiores proprietários da Porsche). Wolfgang Porsche ficou "horrorizado" com a postura de seu primo Piëch, que nem sequer se deu ao trabalho de estar presente na reunião do Conselho de Administração da Volkswagen, e abstendo-se da votação. Este acto de Piëch fez com que a norma a votação fosse aprovada por 10 votos contra…9. Caso Piech tivesse votado contra, e como tem direito de voto duplo pelo facto de ser Presidente do Conselho de Administração, o Requerimento não teria sido aprovado, como foi.



11 – OS MOSQUETEIROS DA PORSCHE: “UM POR TODOS, TODOS POR UM”.

O IG Metall não é apenas a única dor de cabeça da Porsche. A Associação dos Colegas de Zuffenhausen, também trás algumas, embora numa dimensão muito mais inócua. A Associação pretende constituir-se como um Fundo monetário destinado a apoiar o “Colega Porsche” que precise de Solidariedade, ou a própria sociedade em que estão inseridos. Claro que essa solidariedade pode passar pela sua defesa contra a Entidade Empregadora. O Lema é o mesmo dos Mosqueteiros que está escrito no título. Esta instituição é de inspiração marcadamente de esquerda, defensora dos Princípios Sindicais e, na minha opinião, totalmente afastada e deslocada do verdadeiro espírito “Porsche”.



Foto: O lema e a conta bancária:



Foto: Trabalhador “fora da graça da Porsche” a protestar pelo facto de a Porsche estar a tentar acabar com a Solidariedade:



Foto: Uma reunião de Colegas:



12 – O PITBULL DE ESTUGARDA: UWE HUECK.

Este nome fui eu que inventei, porque foi o que me veio à cabeça a primeira vez que vi este cromo raro da empresa, aqui há uns anos atrás. Na Porsche não se brinca. Quando se tem centenas de milhares de trabalhadores a fazer sangue e a estriparem-se uns aos outros, só resta uma solução: lançar no meio deles um “animal selvagem” capaz de os devorar a todos, um atrás do outro, apesar de estar lá também, em teoria, para defender os seus interesses. Wendelin escolheu-o a dedo para assumir a delicada função de dominar os trabalhadores. Hueck ficou sem pais num acidente de viação quando tinha 2 anos e passou a viver num orfanato. Dotado de um espírito de combatividade e de uma agressividade fora do normal, Hueck foi duas vezes Campeão Europeu de Thai Boxe. Entrou para a Porsche em 1985. Em 1998 torna-se membro do Supervisory Board da Porsche, AG; em 2002 passa para Chairman do Conselho de Trabalhadores; e em 2007 assume-se como Vice-Chairman do Quadro da Porsche Holding, SE e em 2008, Chairman dos trabalhadores da Porsche Automobil Holding, SE. Hueck é conhecido pelas suas intervenções e discursos altamente agressivos e “sem papas na língua”. É um lutador que quando acossado...ataca. Uwe grita na frente dos trabalhadores até as órbitas lhes saírem dos olhos: ”Ouvi dizer que nos chamaram anós, da Porsche, uma praga de gafanhotos! Pois nós não somos G-A-F-A-N-H-O-T-O-S!". A multidão de trabalhadores entra em catarse colectiva cada vez que ouve discursos deste tipo, e reage em estrondosa manifestação de júbli, batendo com os pés no chão e a gritar “UWE!... UWE!... UWE!...UWE!... UWE!"














13 - O IG METALL – METAL GEAR SOLID PART 2 – A CARNIFICINA.

Todo este cenário de guerra pelo poder e pelo dinheiro, não se regista apenas ao nível da cúpula das empresas. Muito pior do que isso, a guerrilha instalou-se nas fábricas e nas Ruas, e obrigou a IG Metall a fazer um recrutamento selvagem de mercenários sanguinários. É que, os 360.000 trabalhadores sindicalizados, não querem ser misturados com os 12.000 trabalhadores da Porsche. E a razão, em traços toscos, é a de que os trabalhadores da Volkswagen, que durante anos usaram a sua força descomunal para amealhar direitos e regalias, temem ver tudo isso desaparecer no dia em que forem agregados pela Porsche. Ainda este mês, uma mega manifestação com 40.000 trabalhadores foi realizada em Wolfsburg a favor da "lei VW". Os trabalhadores da Volkswagen vivem aterrorizados com o facto de esta Lei protectora poder cair e ser a luz verde para a Porsche dominar por completo a Volkswagen. É que, a Volkswagen entende que a Porsche quer-se “apropriar” de forma hostil dos seus trabalhadores. Por seu turno, os trabalhadores da Porsche, receiam igualmente perder a sua independência e poder de decisão face ao Gigante Alemão. A Comissão de trabalhadores da VW que ter mais voz activa na gestão da Porsche Holding SE, que visa a junção das atividades da Porsche e Volkswagen. A Porsche quer a todo o custo que os trabalhadores da Volkswagen respeitem e aceitem os Protocolos celebrados entre a Porsche e os seus trabalhadores. É a luta contra aquilo a que o DER SPIEGEL apelidou de “TURBO CAPITALISMO”. O triunfo do exclusivo (a Porsche) sobre as massas (a Volkswagen).

13.1 – FOTO-REPORTAGEM DE GUERRA. A CRONOLOGIA DE UMA BATALHA:

a) Da esquerda para a direita OS SENHORES DA GUERRA: Piech (o contra-poder), Wolfgand (o conciliador), Uwe (o sanguinário) e Wendeling (o conquistador) proclamam a Guerra sob a égide dos símbolos dos territórios a invadir:



b) Piech já em casa do inimigo/amigo, numa altura em que a Paz era possível e o invasor afinal era amigo. A submissão era benéfica:



c) Até Martin Winterkorn via com bons olhos a chegada dos porta-aviões estrangeiros:



d) Entretanto na imprensa são feitas parangonas com palavras chave deste tipo: Angela Merkel, Fascismo, Anti-fascismo, União Europeia, Constituição Alemã.





e) Os sinos tocam a rebate na Classe operária. Reunem-se as tropas num pronúncio de batalha eminente. A plebe não tinha ido na cantiga dos Monarcas:





f) São hasteadas as bandeira do orgulho ferido, e os soldados partem decididos para o campo de batalha:



g) São chamados como reforços os metaleiros da IG: a sede de sangue desta facção desistabilizadora não tem paralelo:



h) A marcha bélica é posta em movimento. O território Inimigo é invadido:



i) Os cabecilhas da Revolução são pintados nas bandeiras com inscrições pouco abonatórias: “UWE e WENDELIN”



l) Numa tentativa desesperada de cantar vitória, são colocadas bandeiras no bastião inimigo:



m) Em tempo de Guerra todos se lembram de bater no “ceguinho”. Até a sociedade civil se aproveita do clima de instabilidade para insultar os heróis, em Acções de campanha verdadeiramente patéticas:





14 – FINAL.

A dupla Uwe/Wiedeking prepara-se para fazer estragos...muitos estragos...Ferdinand Piech, por outro lado, revela que está disposto a travar aquela que provavelmente será a sua última Batalha. E isso também lhe dá muito gozo. Uma personagem, no entanto, emerge paulatinamente da sombra. Uma personagem que está disposta a tentar congregar os interesses com vista a um futuro promissor capaz de dominar a Indústria mundial do Automóvel. Um personagem que aceitou retrair-se para deixar sobressair o seu pai. Uma personagem que aceitou retrair-se para deixar sobressair o seu irmão. Ele sabe que aos 65 anos, chegou a sua vez de, finalmente poder mostrar ao mundo o que vale. De mostrar ao Mundo que é um Porsche dos que também vão ficar na história. O seu nome? Wolfgang. O pequeno Wolfy.

Foto: os filhos de Ferry: Wolfy é o da direita:



Foto: Wolfy ao centro, atento à explicação do Pai:



Foto: Um dos momentos mais marcantes da vida de Wolfy: no dia da grande festa em Zuffenhausen para comemorar a produção do 10.000 carro, coube-lhe a honra, apesar dos seus 10 anos, de conduzir o carro para fora das instalações da Porsche, deixando todos os convidados maravilhados:



Foto: no seu escritório em Zuffenhausen com o retrato do Avô:



Foto: no pátio exterior, junto à entrada da Werk 1 em Zuffenhausen:





Foto: Wolfgang Porsche:



Foto: junto do amor da família: o “K45-286”:




Quem vencerá no fim, é a grande pergunta? Pois vai ao Bruxo que ele diz-te: (nota: provavelmente engana-se...)

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  #2  
Antigo 10-10-2008, 6:56
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ouffff
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  #3  
Antigo 10-10-2008, 8:49
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tenho que estudar esta lição
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  #4  
Antigo 10-10-2008, 23:40
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xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...é pá são 0,39 h de sexta-feira e os meus olhos já piscam.
Tenho de marcar este para ler com atenção e teeeeeeeeempooooooooooo...
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  #5  
Antigo 11-10-2008, 11:48
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uau Isto merece outro "blog of its own"
Parabéns
Agora vou ler com atenção
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Ferdinand Alexander Porsche
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  #6  
Antigo 11-10-2008, 12:11
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tens mesmo de tentar passar estas coisas para um livro...
É uma pena nao ficarem organizadas para que mais tarde outros as possam consultar
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  #7  
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Citação:
Tópico Aberto originalmente por jorge
tens mesmo de tentar passar estas coisas um livro...
É uma pena nao ficarem organizadas em livro para mais outros + tarde as possam consultar
Ao ler este "post" pensei nisso mesmo.

"Porsche Stories" um belo livro (reservo desde já direito a uma primeira edição autografada )
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Ferdinand Alexander Porsche
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  #8  
Antigo 11-10-2008, 15:19
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Zico quando sai o livro sobre a Porsche escrito por ti???

Uma verdadeira perola sobre o mundo Porsche, venham mais
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  #9  
Antigo 11-10-2008, 21:16
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Padrão Re: “SIM, SENHOR ENGENHEIRO” - OS TRABALHADORES DA PORSCHE

Genial.
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  #10  
Antigo 12-10-2008, 23:14
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Padrão Re: “SIM, SENHOR ENGENHEIRO” - OS TRABALHADORES DA PORSCHE

Eu vou é ligar para o sindicato, para ver o que é que eles dizem
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