O VW Porsche 914

[David Silva]

Este tópico resume um trabalho de investigação de meses realizado por mim e que foi sendo publicado no Portal dos Clássicos. Decidi partilhá-lo hoje convosco. Vejo que haverá por aqui bastantes interessados neste modelo. Pode ser que este seja o empurrãozinho que faltava.


As origens do VW Porsche 914

Ferry Porsche e Heinrich Nordoff (patrão da VW entre 1948 e 196 tinham uma relação que ia além do trabalho. Um dos sobrinhos Porsche casou até com a filha de Nordhoff o que veio a reforçar ainda mais o grau de amizade entre estes dois gurus da industria automóvel. Fruto desta amizade surgiu o interesse mútuo duma parceria entre as duas empresas. Estavamos sensivelmente a meio da década de 60, a VW via o seu simpático Karmann Ghia a ficar obsoleto com repercussões óbvias nas vendas. A Porsche tinha no 912 o seu entry car na gama relativamente aos custos. Acontece que o 912 devido aos custos de produção apenas conseguiu ter um preço 12% inferior ao 911 base, algo que se repercutia também nas vendas. A Porsche precisava assim de um novo "entry car" para ser produzido em grande escala e logo ter um preço mais competitivo. Isso seria possível usando a grande experiencia da VW na produção massiva, experiencia essa conseguida na produção do carocha que em 1972 já atingia a fabulosa marca das 15 milhões de unidades produzidas. A Porsche beneficiaria ainda da rede de concessionários VW.


Heinrich Nordhoff


Ferry Porsche

Vivíamos ao mesmo tempo numa era, em que os melhores resultados desportivos eram conseguidos com carros de motor central. Esta caractrística era aproveitada por várias marcas na execução de desportivos, entre eles temos o Lamborghini Miura, Ferrari Dino, Lotus Europa, Matra M530, DeTomaso Mangusta, etc... Todos estes modelos surgiram durante a década de 60. Curioso também é o facto que entre estes modelos se nota a preocupação das marcas em optimizar custos formando parcerias com outras marcas para motorizar os seus desportivos: o Ferrari Dino devorava estradas com um V6 Fiat, O Lotus Europa tinha um coração Renault, o matra desfilava com o V4 do Ford Taunus e o DeTomaso Mangusta rugia com 2 versões V8 da Ford.
Por outro lado a Porsche vivia há vários anos histórias de sucesso com os seu motores centrais de competição: 904,906, 907, 908 e o campeoníssimo 917.
Ficou então evidente que a opção seria a de motor central e a VW esfregou as mãos de contente.

Enquanto estas decisões eram tomadas o gabinete de design Gugelot Design GmbH desenhou um carro para propôr a Ferry Porsche. Este facto fez com que, erradamente, alguns autores atribuíssem o design do 914 à Gugelot. O carro proposto era um motor dianteiro em fibra que tinha muito pouco em comum com o que viria a ser o 914. Toda esta confusão viria a irritar Butzi Porsche, director de Design da Porsche, que chegou mesmo a ter necessidade de vir a público afirmar "... a Gugelot não teve a mínima intervenção neste carro. houve em tempos um carro que poderia fazer lembrar o 914 mas nada mais que isso. Não há qualquer ligação entre a Gugelot e o 914..."

Bayer-Kunstoff auto, Gugelot

Sendo assim o desenvolvimento do carro procedeu-se inteiramente nos estúdios de Design da Porsche liderado por Butzi Porsche. Os primeiros esboços foram feitos em 1964. Cinco desses estudos foram escolhidos para uma decisão final em 1966. Foram realizadas maquetes de barro à escala 1:5 dessas cinco propostas e por unanimidade foi escolhida a criação de Heinrich Klie, braço direito de Butzi e criador do primeiro Porsche F1 e do Carrera 6.


Heinrich Klie - o pai do VW Porsche 914



Maquetes de barro do modelo de Klie


O livrete do 914 de 1974 de Klie

Por mutuo acordo das marcas decidiu-se que a Karmann iria produzir as carroçarias. A Karmann estava fortemente ligada às duas marcas devido às parcerias anteriores, por isso foi uma decisão pacífica e fácil de tomar. Assim ficou acordado que os carros com motorização VW seriam completamente montados em Osnabrük, enquanto as carroçarias dos modelos de 6 cilindros seriam enviadas para Zuffenhausen para que a Porsche realizasse a montagem na mesma linha dos 911.
O desenvolvimento técnico do carro ficaria a cargo de Ferdinand Piëch, sobrinho de Ferry e neto de Ferdinand Porsche.


Ferdinand Karl Piëch

Como bons amigos, Ferry Porsche e Heinz Nordhoff nunca passaram para papel o "acordo de cavalheiros" que tinham. Nordhoff queria mesmo apressar o lançamento do 914 de forma a que acontecesse antes de 1970, ano previsto pra sua reforma. Para o substituir no comando da VW, Nordhoff chamou para junto de si em 1967 Kurt Lotz que iria acompanha-lo nesses 3 anos afim de se preparar para assumir os comandos da VW a partir de 1970. Mas a tragédia aconteceu a 12 de Abril de 1968, quando Heinrich Nordhoff faleceu de doença súbita.
Além de toda a consternação causada pela morte do seu amigo, Ferry Porsche iria ter que enfrentar grandes complicações visto que a VW era comandada agora por um pouco preparado Kurt Lotz. O acordo de cavalheiros existente entre Ferry e Nordhoff deixou de ser válido e Lotz achava imprescindível a existencia de contratos. Surgiram aí os problemas já que Lotz considerava que a VW tinha direitos exclusivos no design do 914, e queria vender as carroçarias à Porsche com um agravamento no preço devido à necessidade de aumento de produção da Karmann que produzia ainda outros modelos da VW. Caso este contrato fosse assinado o preço dos 914 iria sofrer um aumento muito considerável o que pôs em risco todo o projecto 914. Depois de muita neçociação um acordo foi realizado. A solução passou pela criação da empresa VW-Porsche Vertriebsgesellschaft (VG) GmbH em Abril de 1969 com um capital social de 5 milhões de marcos alemães divididos igualmente entre VW e Porsche e sede em Estugarda passando mais tarde para as instalações definitivas em Ludwigsburg bem perto de Zuffenhausen.
O 914 seria apresentado como VW Porsche na Europa (qualquer que fosse a motorização), já que seria distribuído através da rede de concessionários da VW, mas existiam duas excepções. O mercado britânico e o mercado francês.
O Reino Unido teve que esperar pela decisão de produzir o carro com volante à direita, decisão esta que viria a revelar-se inviável já que o acréscimo de custos para esta alteração tornaria o preço final absurdo. Houve no entanto algumas empresas privadas a realizarem esta alteração principalmente para os mercados britânico e australiano. Só a título de curiosidade, o 914 foi o único carro de produção em série da Porsche que nunca foi produzido na versão de volante à direita.
Já em França, o importador seria a Sonauto, empresa de acessórios, que viria a patrocinar o vencedor da categoria GT nas 24horas de Le Mans de 1970.
Para o mercado americano as coisas mudavam substancialmente. Este mercado era considerado crucial para o sucesso do modelo. Aqui o 914 seria vendido apenas com o nome Porsche, sem qualquer referência à VW independentemente do motor que o equipava. A distribuição seria feita através dos concessionários Audi-Porsche da recem formada empresa de Jonh Reilly baseada em Englewood Cliffs, Nova Jérsia.
Após o teste a vários protótipos e modelos de pré-produção, a apresentação mundial do 914 ocorreu em Setembro de 1969 no Salão de Frankfurt. A estrela deste evento seria o Mercedes C111 que retirou bastante protagonismo ao lançamento do novo 914. No entanto este encontrava-se exposto em 2 stands, no da VW-Porsche VG e no da Karmann.

11 de Setembro de 1969 - É apresentado no salão de Frankfurt o VW Porsche 914 (Porsche 914 nos EUA). Apesar de a Porsche já ter comemorado o 40º Aniversário do 914 em Abril (data da fundação da empresa VW-Porsche-Vertriebsgesellschaft mbh, que viria a produzir os 914) a apresentação ao público e à imprensa foi realizada no salão de Frankfurt onde era exposto em 3 stands - Porsche, Volkswagen e Karmann. 7 anos volvidos e depois de 115.631 unidades de 914/4 e 3.338 unidades de 914/6 serem produzidos a produção parou em 1976.

Fica um pouco de nostalgia...





Esta foto é do Salão de Frankfurt de 1973 (Stand da Karmann)

[David Silva]

VW Porsche 914

Historial de produção

Comecemos com os tetracilíndricos 1.7 e 2.0 (914/4)...

O 914/4 1.7 é um 4 cilindros boxer 1.7 com 80cv. Tem injecção eletrónica, 5 velocidades e discos nas 4 rodas. Em testes na época, a travagem foi considerada excelente. Pesa 900kg, atinge 177 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 13,5 s. Em 1973 este motor foi subtituído pelo 1.8 de 85 cv mas, por razões ecológicas viu um ano mais tarde a potencia ser reduzida para 79cv.
Já o 914/4 com 2.0 litros e 100cv (mais tarde apenas 88cv devido á diminuição da emissão de gases), atingia os 186km/h e ia dos 0 aos 100km/h em 12 s. Vêm-se alguns nas nossas estradas.

Um caso à parte são os modelos equipados com motorização boxer de 6 cilindros. As bombas 914/6 são raríssimas no nosso país e atingem o preço dos 911 mais procurados. Tinham um motor de 2.0 litros que debitava 110cv às 5800rpm e dois carburadores de corpo triplo. Atingia 205 km/h e tinha discos ventilados nas 4 rodas.





Tabela cronológica da produção dos 914:


Em 1972 a Porsche lançava o 916, com motor maior e mais potente: 2.4 litros e 190 cv velocidade máxima de 230 km/h. Tratava-se de uma versão mais sofisticada do 914/6, com guarda-lamas mais largos para abrigar pneus 185/70 HR 15, maior peso (1.000 kg) e menor altura. Mas foram produzidos apenas 11 exemplares (falaremos deles mais à frente).



Foram produzidos duas unidades com tejadilho em aço e motor de 8 cilindros. Um dos 914/8 foi oferecido pela marca a Ferry Porsche aquando do seu sexagésimo aniversário. Estes raros exemplares estão hoje expostos no Museu Porsche.



Houve ainda um artista americano chamado Rod Simpson que conseguiu enfiar motores V8 Chevrolet de 5,3 ou 5,7 litros. Por este motivo ganhava radiador dianteiro. A suspensão tinha de ser adaptada, mas ainda assim o comportamento do carro era manhoso.

O 914 era competidor directo nas vendas da altura, do lotus europa e do fiat x1/9 na europa, nos EUA perdeu em toda a linha com o famoso datsun 240z que era mais barato e mais potente. Apesar de tudo foi considerado um êxito comercial.


Historial desportivo

Entre 1969 e 1970 a Porsche fabricou 12 unidades de competição - os 914/6 GT.
Destes 12 carros, 3 eram protótipos para testes, 2 carros de treino para a Targa Florio, 3 competidores na Marathon de La Route, 3 competidores no Rallye de Monte Carlo e 1 competidor no RAC Rally.

Rallyes

A 1ª aparição pública destes carros foi no RAC Rally de 1970 com um exemplar pilotado por Claude Haldi e John Gretener. Apesar do evento ser visto apenas como um exercício de avaliação das capacidades da máquina, o 914/6 GT acabou a prova num satisfatório 12º lugar.

Em 1971, depois de 2 anos de sucesso com o 911, a Porsche decide entrar no Rallye de Monte Carlo com três 914/6 GT. Os 3 pilotos escolhidos foram Bjorn Waldegaard, Ake Andersson e Gerard Larrousse. Waldegaard tinha vencido as 2 últimas edições do rallye e Andersson e Larrousse eram experimentadíssimos nos troços do principado.
Acontece que a edição de 1971 foi uma das mais nevosas de sempre e a Porsche iria experimentar um fracasso quase total. Os pilotos não se deram bem com o comportamento dificil em neve das máquinas. Anderson e Larrousse abandonaram a prova com as caixas de velocidades destruídas. Waldegaard mostrou o seu grande talento e conseguiu finalizar num 3º lugar compartido com o Alpine A110 de Andruet. Este resultado desastroso viria a provocar a saída definitiva dos 914/6 GT dos rallyes e mais tarde da própria Porsche também. Waldegaard diria mais tarde "...Era muito jovem e não tinha uma ideia clara do comportamento do carro. Pensei que, se havia ganho duas vezes em Monte Carlo com a Porsche porque não haveria de voltar a fazê-lo com o seu novo modelo?..."





Le Mans

Em 1970 na sua estreia oficial na categoria GT, o 914/6 GT de Guy Chasseuil e Claude Ballot-Lena vence na categoria e consegue um brilhante 6º lugar da geral nas 24h de Le Mans.


O nosso amigo Zico já fez um tópico com esta bela epopeia. Ver aqui.

[MRS]

Parabéns ao autor.Belo contributo.

MRS

[David Silva]

Porsche 916 - Os 11 modelos produzidos

VIN9141430195
cor: Black
1º Dono:Ferdinand Piëch
Localização Actual: EUA (Carolina do Sul)
Observações: 1º Protótipo, apelidado de "Brutus"


VIN914 2 33 0011
cor: Light Yellow (cor do catálogo 911)
1ª Dono: Luise Piëch (Irmã de Ferdinad Porsche e mãe de Ferdinand Piëch)
Localização Actual: Austria
Observações: ex-colecção Matsuda (Japão); alvo de reportagem na revista VW & Porsche em Abril de 1981



VIN914 2 33 0012
Cor: Silver Metallic
1ª Dono: Peter Gregg
Localização Actual: EUA (Georgia)
Observações: alvo de reportagem na revista Road & Track Fevereiro de 1972; alvo de reportagem na revista Excellence em Junho de 1994



VIN914 2 33 0013
Cor: Viper Green
1ª Dono: privado alemão
Localização Actual: Alemanha
Observações: pintado na cor Black, alvo de reportagem na revista VW & Porsche em Agosto de 1987



VIN914 2 33 0014
Cor: Brown Metallic (cor do catálogo 911)
1ª Dono: Wolfgang Porsche (Filho mais novo de Ferry Porsche)
Localização Actual: Alemanha
Observações: teve apenas 2 titulares até aos dias de hoje



VIN914 2 33 0015
Cor: Silver Metallic
1ª Dono: Gerd Porsche (neto de Ferdinand Porsche e primo de Ferdinand Piëch)
Localização Actual: desconhecida
Observações: talvez acidentado e destruído


VIN914 2 33 0016
Cor: Red (cor do catálogo 911)
1ª Dono: privado alemão
Localização Actual: Alemanha
Observações: alvo de reportagem na revista Porsche Club Magazin em Janeiro de 1991



VIN914 2 33 0017
Cor: Blue Metallic (cor do catálogo 911)
1ª Dono: Michael Piëch (irmão de Ferdinand Piëch)
Localização Actual: Alemanha
Observações: em restauro



VIN914 2 33 0018
Cor: Dark Blue (cor do catálogo 911)
1ª Dono: privado alemão
Localização Actual: Alemanha
Observações: pintado em Gemini Blue pelo 1º dono



VIN914 2 33 0019
Cor: Light Ivory
1ª Dono: privado alemão
Localização Actual: Alemanha
Observações: em restauro, alvo de reportagem na revista Classic & Sportscar em Setembro de 1982



VIN914 2 33 0020
Cor: Silver Metallic
1ª Dono: privado alemão
Localização Actual: Alemanha
Observações: pintado em Black pelo 1º dono

[zico]

Uau Uau Uau...fantástico. Isto é muito mais do que se podia pedir! Muito obrigado por partilhar aqui connosco a história do 914. É um Porsche que está na minha lista do "must have" desde sempre. A única coisa que me assusta ligeiramente é a propensão do 914 para a ferrugem. Quanto ao resto é tudo bom.

[David Silva]

Catálogo de cores do VW Porsche 914

Apresento em seguida todas as cores do catálogo de cores de fábrica, com os respectivos anos de produção, código de cor e modelos em que a cor foi usada.

Light Ivory - L80E
914/4 - 1970, 71, 72, 73, 74, 75, 76
914/6 - 1970, 71, 72


Silver Metallic - L96D (cor opcional)
914/4 - 1970, 71, 72, 73, 74, 75, 76
914/6 - 1970, 71, 72


Diamond Silver Metallic - L97A (cor opcional)
914/4 - 1976


Black - L041 (cor opcional)
914/4 - 1970, 71, 72, 73, 74, 75, 76
914/6 - 1971, 72


Canary Yellow - L11E
914/4 - 1970, 71
914/6 - 1970, 71


Saturn Yellow - L13M
914/4 - 1972, 73
914/6 - 1972


Sunflower Yellow - L13K
914/4 - 1973, 74


Chrome Yellow - L13M
914/4 - 1974


Summer Yellow - L13K
914/4 - 1975, 76


Berber Yellow - L11D
914/4 - 1975


Gold Metallic - L97H (cor opcional)
914/4 - 1971, 72
914/6 - 1971, 72


Signal Orange - L20E
914/4 - 1970, 71, 72, 73 74
914/6 - 1970, 71, 72


Nepal Orange - L20C
914/4 - 1975, 76


Tangerine - L21E
914/4 - 1970, 71, 72
914/6 - 1970, 71, 72


Copper Metallic - L99K (cor opcional)
914/4 - 1975


Phoenix Red - L32K
914/4 - 1973, 74


Scarlet Red - L31M
914/4 - 1975, 76


Metallic Red - L97D
914/4 - 1970
914/6 - 1970


Bahia Red - L30E
914/4 - 1971, 72, 73, 74
914/6 - 1971, 72


Malaga Red - L30C
914/4 - 1975, 76

[David Silva]

Adriatic Blue - L50E
914/4 - 1970, 71, 72
914/6 - 1970, 71, 72


Gemini Blue - L96E (cor opcional)
914/4 - 1970, 71, 72
914/6 - 1970, 71, 72


Metallic Blue - L98P (cor opcional)
914/4 - 1970
914/6 - 1970


Alaska Blue Metallic - L96B (cor opcional)
914/4 - 1973, 74


Anacona Blue Metallic - L97B (cor opcional)
914/4 - 1975, 76


Olympic Blue - L51P
914/4 - 1973, 74


Laguna Blue - L50C
914/4 - 1975, 76


Marathon Blue Metallic - L96M (cor opcional)
914/4 - 1973, 74


Irish Green - L60E
914/4 - 1970, 71, 72
914/6 - 1970, 71, 72


Metallic Green - L97P (cor opcional)
914/4 - 1970
914/6 - 1970


Willow Green - L63K
914/4 - 1971, 72
914/6 - 1971, 72


Zambezi Green - L64K
914/4 - 1973, 74


Forest Green - L64K
914/4 - 1975


Palma Green Metallic - L95K (cor opcional)
914/4 - 1975


Viper Green Metallic - L96N (cor opcional)
914/4 - 1976


Ravenna Green - L65K
914/4 - 1973, 74


Delphi Green Metallic - L99A (cor opcional)
914/4 - 1973, 74


Edição Limitada GT (Bumblebee - EUA) - U1V9
914/4 - 1974 (nos EUA Apresentava as letras PORSCHE nas embaladeiras)

Europa


EUA

Edição Limitada Creamsicle - EUA - U2V9
914/4 - 1974

[Fuchs]

Excelente contributo. E logo na estreia da nova imagem do Fórum. Parabéns

[David Silva]

The Special Ones


VW Porsche 914/6 Prototype by Goertz

Foi apresentado no salão de Turim de 1970, desenhado por um senhor chamado Albrecht Graf von Goertz (é apenas o pai do magnífico BMW 507), um protótipo baseado no VW Porsche 914/6 do qual foi mesmo considerada a sua produção. Toda a mecânica e interiores foram mantidos iguais ao original mas a carroçaria sofreu alterações dramáticas. A frente fazia lembrar os Maserati da época, mas era na traseira que causava mais espanto. Visto de perfil era considerado uma shooting break. Foi construído em Turim pela Eurostyle. O mercado limitado a que se destinava foi a principal razão para a não passagem a produção deste protótipo. Faz hoje parte duma colecção privada na Alemanha.







Tapiro by Giugiaro

Curiosamente também apresentado no salão de Turim de 1970, este protótipo muito futurista criado por Giorgetto Giugiaro e fabricado na ItalDesign, tinha nome de um animal lendário que comia sonhos. Nitidamente inspirado no brutal DeTomaso Mangusta apresentado 3 anos antes, mantinha a plataforma do 914/6 mas propulcionada pelo 2.4 do 911S que debitava 220cv âs 7800rpm. Tinha uma velocidade máxima estimada de 230km/h.
Depois de ter sido exposto em alguns salões internacionais o protótipo desapareceu. Foi descoberto recentemente (2001) num estado lastimável algures em Espanha. O concept foi exposto pela última vez no Salão de Los Angeles de 1971 tendo sido vendido em 1972 a um industrial espanhol que fez dele um carro de uso praticamente diário. Conta-se que o desafortunado Tapiro foi vítima de um grupo de activistas laborais que lhe colocaram uma bomba tendo apenas restado o que se vê na foto. Depois de re-aparecido esteve exposto no museu Giugiaro e em 2005 começou-se um restauro minucioso.







Murene by Heuliez

Também apresentado em 1970, mas desta vez no salão de Paris, a Heuliez apresentou um concept desenhado pelo estilista freelancer francês Jacques Cooper. Fabricado em apenas 3 meses desde a execução do desenho, a Heuliez tinha planos para uma pequena produção de carros mas dificuldades finaceiras inviabilizaram o projecto. Carroçaria com 2 tons de cores e marcadamente distinta da original, mantinha no entanto grande parte dos componentes no interior.






Hispano-Aleman by Frua

Exposto pela primeira vez no stand de Pietro Frua no salão de Genebra de 1971, provocou impressões muito positivas na crítica da época. Foi no entanto vítima de um infeliz desentendimento entre Pietro Frua e o homem que o encomendou Werner Bernhard Heiderich.
Heiderich era o importador espanhol da Porsche, e procurou Frua para desenhar um coupe com a base de um 914/6 mas inspirado no rotativo Mercedes C111 apresentado 2 anos antes.. Durante meses Heiderich interviu e acompanhou bem perto de Frua a criação do desenho do carro tendo neste processo perdido a ideia de colocar as já conhecidas portas “asas de gaivota”. O motor do carro foi preparado de tal forma que passou de 2 para 2.4 litros de capacidade reflectindo-se nuns 225cv que melhoravam dramaticamente as performances do carro. Informado sobre as linhas do carro, Ferry Porsche viajou imediatamente para Genebra. Segundo o próprio Heiderich, Ferry mostrou muito interesse em que se produzisse uma pequena série em Madrid. Foi aqui assinada a sentença de morte do Hispano-Aleman. Surgiram imediatamente discrepâncias entre Frua e Heiderich sobre quem detinha os direitos sobre o fabrico do carro. Frua argumentava que os direitos lhe pertenciam, e que Heiderich apenas detinha direitos sobre o concept entretanto produzido. Tudo isto se desenrolou durante o mesmo salão de Genebra. No fim do evento, Frua impediu que o protótipo saísse de Genebra, o que fez com que o carro fosse apreendido pelas autoridades aduaneiras suiças. O processo desenvolveu-se nos tribunais italianos, tendo apenas sido resolvida a questão quando em 1976, em 3ª instância, um tribunal de Turim decidiu a favor de Heiderich.
Seria no entanto tarde demais, pois em 1975 já tinha sido encerrada a produção do 914. O Hispano-Aleman ficou-se como uma relíquia de um passado que poderia ter sido glorioso.

[David Silva]

No ano passado na AutoClássico 2008 encontrei aquilo que já procurava havia bastante tempo. Paguei os olhos da cara mas não havia outra forma. Tinha que o ter. O antigo proprietário tinha uma VW Porsche 914/4 de 1971 e fez uns apontamentos no livro. Achei engraçado o cuidado com que tudo foi lido e analisado com direito a apontamentos e observações. Mais engraçado ainda é que o livro tinha um cartão de apresentação da época do seu antigo proprietário. Apresento-vos então o:


VW Porsche 914 Owner's Manual