É verdade que ainda existe muitas preciosidades por este mundo fora à espera de serem descobertas. Existe por aí à espreita, enferrujado e a aprodecer em qualquer barracão ou celeiro à espera de ser descoberto e acho seguro dizer que qualquer fã da Porsche e dos seus clássicos sonha um dia em descobrir um Porsche num celeiro, senão todos pelo menos a grande maioria.
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Este carro foi descoberto num celeiro, onde esteve parado durante 25 anos, por dois entusiastas britânicos, estima-se que seja o primeiro chassis longo (LWB) Porsche construído com registo de propriedade pertencendo ao lendário piloto Jo Siffert. (
http://en.wikipedia.org/wiki/Jo_Siffert)
Está neste momento à venda no E-Bay (
http://www.ebay.co.uk/itm/ws/eBayISA...d=385213018567) como um 1969 911E e pela discrição diz que foi construído dois meses antes de começar a produção do LWB e foi usado como mula de testes durante 6 meses. Foi convertido pela Porsche de LHD para RHD para o primeiro proprietário, o numero de chassis é #119200001 e a data de construção é de 28 de junho de 1968.
Este 911E precisa de um restauro profundo, o chassis está num estado lastimável e os componentes mecânicos precisam de uma reconstrução completa.
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E se observarem com atenção iram descobrir que o carro tem extras unicos, existe muitas características do SWB de 1968 incluídas neste modelo de 1969. Os bancos aparentam ser de veludo vermelho e estão em excelentes condições e com uma forma diferente do que estamos habituados no modelo de produção LWB.
A história:
"Esta história começou em Junho de 2011 quando o meu bom amigo Brendan participou num track Day em knockhill, Fife, Escócia, ele quase que não ia, não era um encontro Porsche mas Brendan gosta de ver desportos motorizados e ele vai arranjar qualquer desculpa para num domingo ir ver uma prova de rally ou uma prova num circuito. Por isso Brendan encontra-se debruçado sobre um Ferrari Daytona nas boxes de Knockhill: "bom carro" diz ele mas acrescenta que "está mais debruçado para os 911". o dono era uma pessoa amigável e durante a conversa mencionou que tinha um Porsche Antigo que não circulava à muitos anos, até inclusive ele tinha uma foto no telemóvel, com certeza que era um dos primeiros 911 e estava num.......celeiro. Aperentava ser azul e estava rodeado por outros carros que não eram Porsche e por fardos de palha. Era uma tipica foto de telemóvel, um pouco escura, com ruido, sem focagem mas pelo menos era um 911. Brendan mandou me a foto e eu disse que deviamos ir ver o carro um dia destes, ele disse que não tinha qualquer contacto do dono, apenas a foto, talvez o tipo do Daytona tenha um numero de telefone não achas? disse lhe eu. Algumas semanas passaram e ficamos a observar a foto para tentar descobrir que carro era. Brendan mandou algumas mensagens para o nosso amigo com o Ferrari mas não obtivemos qualquer informação sobre o modelo.
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Mais algumas semanas passaram e eventualmente Brendan conseguiu um contacto do dono: "Queres ir ver o carro este domingo?" Brendan veio aqui para me dizer que marcou um encontro no interior da Escócia, na campestre Escócia para ver um 911 antigo. Foi no dia 6 de outubro de 2011 que fomos ver o carro, foi um daqueles dias em que quem tem uma paixão por 911 antigos sonha com um dia destes.
Fomos em direcção ao nosso destino, passamos por muitas quintas remotas e deparamo-nos com uma simpática senhora e perguntamos por direcções, "vieram para ver um Porsche antigo não foi?" "É o meu marido que vocês procuram, é a próxima quinta", tinhamos chegado. Apresentações e comprimentos numa parte maravilhosa do mundo, vimos um urubo num poste telegráfico, falamos do tempo e fomos para dentro do celeiro. Mal a porta abriu a reacção foi: "é preto! parecia azul na foto"
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A carcaça estava num estado lastimável, a transmissão tinha sido removida, muitos podres e parecia um grande desafio mesmo para Barry, contudo era um RHD, parcialmente completo e LWB, provas exteriores de mudança de cor e com um interior bastante interessante, um carro preto com interior vermelho, bonita combinação.
Caldado com jantes Fuchs e uma ducktail e uma espécie de tejadilho de vinil com uma espécie de calha de aluminio feita por um amador. Sem capot à vista, o tablier estava bom, sem rachas mas com um tablier inferior que não condizia mas que penso que seria vermelho para condizer com o interior, mas não importa, porque estava lá tudo incluindo os manómetros, volante, bolsas das portas e umas colunas aftermarket, tinham cortado os paineis das portas para as encaixarem. Bancos da frente não originais foi uma grande decepção. Um belo achado mas com misturas e com muito trablhano necessário para ficar em condições, não era bilhante considerando que o carro esteve 20 anos ou mais parado dentro de um celeiro, uma curiosidade, reparamos que o motor tinha uma blindagem verde no corpo dos carburadores o que era diferente dos motores da época.
Falamos com o dono do carro e tivemos uma conversa no sentido de saber de quanto ele queria pelo carro e onde frisamos que o carro estava em muito mau estado e ele a dizer que o carro tinha valor e quando estivesse completo ia valer apena, não perguntamos por historial do carro no caso de ser um carro especial e raro o valor subir para outros numeros que seria insuportável.
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O dono estava em todas as frentes, o Brendan tinha visto o registo do carro e estava tudo em ordem, estava convencido que o carro não era falso, mas não tinha a certeza, ele parecia que o dono tinha muito pouco conhecimento nos primeiros modelos do 911 mas manteve aquele carro durante 20 anos, ele sabia que o motor era um 2.0 mas que não era um E. Ele pensava que o exterior tinha visto a sua cor alterada numa dada altura mas não tinha consciência que o interior vermelho não era nada especial, ja tinha trabalhado com troca e venda de motores mas nunca tinha tido nenhum motor de um 911.
Talvez o dono antigo tivesse feito algumas alterações, vi as referências para ver a originalidade e não parecia que tivesse alguma adulteração ou algo cortado na chapa ou alterações na forma, as referências pareciam legitimas, eu queria muito ver o numero de construção mas não queria atrair atenções para o local, o facto de não ter mencionado o preço de compra podia funcionar para os dois lados. Sabíamos contudo que o carro era original e que devia ser um parte importante da historia da Porsche
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Estava na hora de uma investigação profunda, não queriamos deixar escapar o carro mas não queria-mos ser ludibriados, o carro não tinha uma matricula apropriada para a sua idade (uma luz vermelha para mim) por isso devia ter sido importado, ponderamos estes factos durante anos e sugeria que fosse reconstruído ou possivelmente uma exploração de uma seguradora a uma dada altura.
O dono disse que tinha comprado o carro a um tipo em East Killbride perto de Glasgow e que estava a funcionar na altura, por isso algumas coisas a acrescentar, ele parecia ser uma pessoa honesta.
Usamos as nossas qualidades de detectives na internet, pedimos alguns favores a arquivos e deixamos algumas perguntas inocentes cada vez mais convencidos que isto era um carro especial.
A jornada da descoberta levou-nos a todo mundo, EUA, Africa do Sul, Alemanha, Holanda, Suíça e Reino Unido, a conclusão tornou-se convincente.
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A nossa investigação ao numero de construção era também o numero que tinha na chapa do código de cor, encontramos o numero 320012 e na chapa do código de cor tinha o mesmo numero enterrado por uma espessa camada de tinta. Isto indicava que tinhamos um prótotipo de fábrica.
Pensava-se que os primeiros 10 chassis construídos de carro modelo eram postos de lado para testes, basta olharmos para o RS de 73 por exemplo, o primeiro carro tem o numero de chassis #11, o paradeiro do primeiros 10 chassis é desconhecido (existe rumores) e supostamente foram perdidos para testes, etc. Contudo isto não era sempre o caso, foi dodumentado que a uma dada altura na historia da Porsche que esta pratica não acontecia. O ano, o modelo, não é certo mas aparenta que esta carro ajuda a suportar a teoria de que por vezes os prototipos de certos anos chegavam aos concessionários, este foi o primeiro pensamento, mas em que concessionário?
Existe uma série de perguntas por responder como por exemplo:
- Porque é que este carro é um RHD?
- Tem uma mistura de peças de 68 e outras de 69, por isso quando foi construído?
- Quem conduziu o carro na Porsche?
- Durante quanto tempo foi usado como protótipo?
- Como passou para "circulação" e quem foi o primeiro dono?
- Como acabou num remoto celeiro na Escócia?
Os registos de chassis dos protótipos:
320-001 1967 911 S (Versuch) 1 of 9. Whereabouts Unknown
320-002 1967 911 S (Versuch) 2 of 9. Whereabouts Unknown
320-003 1967 911 S (Versuch) 3 of 9. Whereabouts Unknown
320-004. 1967 911 S (Versuch) 4 of 9. Whereabouts Unknown
320-005 1967 911 S (Versuch) 5 of 9. Whereabouts Unknown
320-006 1967 911 S (Versuch) 6 of 9. Whereabouts Unknown
320-007 1967 911 S (Versuch) 7 of 9. Whereabouts Unknown
320-008 1967 911 S (Versuch) 8 of 9. Whereabouts Unknown
320-009 1967 911 S (Versuch) 9 of 9. Whereabouts Unknown
320-010 1969 911 S (Versuch) 119300001 1 of 2
320-011 1969 911 S (Versuch) 119300002 1 of 2
320-012. 1969. 911E (Versuch) 119200001. Our barn find
320-013. Whereabouts Unknown
320-014 Whereabouts Unknown
320-015 Whereabouts Unknown
320-016. Whereabouts Unknown
320-017 Whereabouts Unknown
320-018 Whereabouts Unknown
320-019 Whereabouts Unknown
320-020 1967 Coupe Viersitzer 1 of 1
911 S Targa 68 11850243
(911 S 69 #119300002 Ex Dr.F Porsche)
Após uma investigação profunda (fotos, registos) deparamo-nos com uma foto em que o carro aparecia ao meio de outros 2 911 pintado de branco (a tal alteração de cor que ele sofreu a uma dada altura e a alteração do interior deve ter sido feita aquando da transformação de LHD para RHD) e a nossa investigação levou nos a Jo Siffert. A vinda do carro para a Escócia continua um mistério.
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