(...ou um tópico bem disposto para um domingo tristonho)
Sim, eu sei… um tópico com este título não faz sentido no Museu. Para mais há por aí uns espaços, condenados a reproduzir os stands virtuais e quejandos, onde se exibe sem pudor tudo o que é Porsche e está à venda.
Por outro lado, é um Porsche destinado exclusivamente à competição pelo que, eventualmente, também teria cabimento na secção “Rennsport Porsche”.
Eu, pessoalmente, gostava mesmo era de o por na “oficina”. Só não o faço por não ter conseguido documentar devidamente o processo de restauro. Seria certamente o supremo exemplo de recuperação e faria
qualquer um, amador ou profissional.
E daí talvez não…
Assim, pondo de parte as dúvidas, decidi deixar a coisa aqui (até porque envolve algumas formas pouco convencionais de expressão artística), na firme convicção que a equipa de moderadores, se assim o achar, pode transferir para onde achar mais adequado.
Vamos então ao que interessa:
Já tinha reparado neste carro, por aí, há algum tempo
Mas confesso que só agora o associei à sua admirável história que, resumidamente é a seguinte:
Ted Field, o patrão da equipa Interscope, comprou à fábrica dois dos 31 934 turbo RSR produzidos. O chassis #930 670 0180 e o #930 770 0953 que foram utilizados por Field e Dany Ongais, durante o ano de 1977, com diversas sortes, até à última prova da época, apropriadamente baptizada de “Daytona Finale 250 Miles”.
Nesta prova, ganha por Hurley Haywood no 934 #930 770 0957, participou também, entre vários outros, o 934 #930 770 0959, preparado por Bob Garretson, para a Dick Barbour Racing e o piloto Johnny Rutherford.
Tudo corria bem até que, à 6ª volta, a corrida foi interrompida por uma bandeira vermelha. Johnny Rutherford viu a bandeira e parou mas Ted Field não a viu e entrou pela traseira deste, em pleno ritmo de corrida, levando à desistência de ambos.
Os danos eram extensos, em ambos os carros, mas apenas o de Dick Barbour era recuperável. Então este terá comprado a Field os restos do #930 770 0953 e Garretson usou-os para reconstruir o #930 770 0959.
Até aqui tudo normal.
Só que, despojado de tudo o que era aproveitável, Bob Garretson resolveu dar uma utilidade singular aos restos do malogrado 934. Transforma-lo numa mesa de chá.
O Pobre 934, apesar da sua nobre linhagem, acabou assim compactado numa prensa e, depois de coberto com um tampo de vidro, ornamentou durante anos a recepção da Garretson Entreprises.
Quando Garretson se mudou para Inglaterra, a mesa foi adquirida por Frank Cook, um advogado da “Cidade do Pecado” e passou a decorar o seu escritório.
Claro que, estando em Las Vegas, não podia deixar, muito naturalmente, de passar algum tempo no salão de um casino até indignamente ser atirada para uma arrecadação.
Porém Tony Heyer, um antigo colaborador na Garretson Enterprises, ao fundar em 1992 a “Heyer Performance”, procurou e conseguiu resgatar a exótica peça para as suas instalações em Mountain View - Califórnia.
A partir desse momento desconheço o que terá acontecido à simpática mesinha...
... a não ser que se tenha transformado nisto (confiram os nºs de chassis):
Termino como o Fernando Pessa:
... e esta hein?