A Demanda do Lehrenkraus café.
O corpo expedicionário que se deslocou, em peregrinação, às terras barbaras da Germânia, dominado por um carácter heterogéneo fidelidades e interesses variados, teve de dispensar reverência a diversos deuses pagãos, fazer as devidas libações e oferendas e ainda arranjar o tempo necessário para a indispensável busca das origens.
Assim, enquanto o grosso dos beligerantes percorria o museu da marca da estrelinha (espero que tenham reconhecido as criações do Professor…), um pequeno contingente, composto pelo MaMourão, o Ace e um outro elemento (transitoriamente sem nick, por ainda não estar inscrito), ousou rumar ao centro do burgo de Stuttgart, movidos pelo elevado desígnio de absorver uns sucos sagrados, eventualmente de cevada, comuns na região.
Aí chegados, do cata-vento que o Ace ostenta em cima dos ombros começaram a sair faíscas. Aparentemente terá deparado com uma placa toponímica que lhe curtocircuitou a mioleira. Ante a apreensão dos restantes lá conseguiu, após consultar um mapa, balbuciar aquilo que o consumia: -Estamos a 3 quarteirões da Kronenstraße…
O MaMourão ia entrando em órbita e, sem mais delongas, arrancaram tão rápido quanto o trânsito pedonal de sábado à tarde permitia, pela Konigestraße abaixo.
Poucos minutos depois e … cá estamos.
Mal afastada a dúvida de estar no lugar certo, já o MaMourão acenava à entrada dum edifício – e lá estava inequivocamente a entrada do lugar
“… onde tudo começou… ao "ground zero" da Porsche. O local do Big-bang. … o local onde foi criado o Universo.
A morada: Kronenstraße. O NÚMERO DA PORTA: 24. O nome do Edifício: "Ulrich". Foi aqui que, no dia 1 de Dezembro de 1930, Ferdinand Porsche abriu pela primeira vez as portas ao público.”
Rodeado de edifícios de construção bem mais recente, teimosamente de pé, desafiando o tempo e o progresso como qualquer lugar sagrado, uma catedral, um Stonehenge dos tempos modernos, prudentemente refugiado no seu anonimato…até quando?...
Mas a demanda estava longe de terminada, faltava encontrar o Lehrenkraus café. Foi com alguma apreensão que percorremos a Kronenstraße e as imediações, não fosse poder alguém reivindicar para si a propriedade que a tanto custo adquirimos.
Mas podem ficar sossegados, não encontrámos nem vestígios de quem connosco queira concorrer. Do original nada mais resta do que a memória, e cabe a todos nós conservá-la