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Antigo 30-09-2008, 23:04
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Padrão Re: O "PRIMEIRO" PORSCHE

11. AS CARACTERÍSTICAS ESTÉTICAS DO PROTÓTIPO N.º 1.

1 Linhas do automóvel de inspiração náutica, a grande paixão da família Porsche. O objectivo era traduzir semelhanças com uma barcaça. O Protótipo N.º 1 foi pensado para transmitir a elegância de uma “barchetta”. Na época, quer na Alemanha (quer Ferdinand quer Ferry eram sócios do Yacht-Club von Deutschland), quer na Áustria, o grande hobby e lazer da família Porsche eram os barcos. E eram possuidores de vários: a remos, à vela, a motor. Só naquela altura tinham o Kritcoh, o Burli, o Haus, o Putzi, o Antipi, o Sia III etc.

2 Simplicidade no desenho, com ligeira influência da “Arte Nova”, nomeadamente com alguma inspiração oriunda do design "Jugendstil" alemão, principalmente ao nível dos pormenores: pára-brisas duplo quebrado, fechos das portas, entradas de ar e linhas decorativas frontais, piscas e ópticas traseiras.

3 A frente do carro foi inspirada no Streamline de alumínio, conhecido como Type 64 de 1938/39 e que entrou na célebre corrida Berlin-Roma. Este carro de corridas, o Pai de todos os que se seguiram, era a menina dos olhos da “Kraft durch Freude“, para promover a Volkswagen.

4 Pára-choques trabalhado e estilizado, com variação nas suas medidas ao longo do seu comprimento, com a particularidade de estar soldado à base da carroçaria.

5 Pára-brisas dividido, com os vidros simétricos em “V” e sem recurso a qualquer caixilho exterior. Suporte dos vidros exclusivamente efectuado pelo interior, com a colocação de um fixador externo, apenas na parte superior da junção dos vidros. A solução original dos dois vidros parece ter sido ditada por razões estéticas inovadoras, mas não. A razão de serem dois vidros é que desta forma, o custo de fabricação era muito menor do que fosse um vidro único curvo.

6 Assento único, de 2 lugares, de estilo “Banco corrido”, a grande moda naquela época. Curiosamente, este estilo de banco permitiu que o carro na prática fosse um 3 lugares, já que era possível acomodar um outro passageiro no meio do condutor e do pendura. A prova que o carro circulou muitas vezes com 3 passageiros afere-se pelas fotografias da época, tiradas de cima, e em que se pode ver claramente as 3 marcas distintas deixadas pelos utilizadores.

7 A refrigeração do motor é também totalmente original já que representa uma espécie de “costura” dupla no capôt traseiro, composta por 15 entradas de ar de cada lado, rasgadas da mesma forma.

8 O carro possuía uma pequena capota de lona, estilo “capuz” totalmente destacável. Foi um acessório quase nunca utilizado, a ponto de muita gente julgar que nem sequer existia.

Foto: Das pouquíssimas fotos com o protótipo com a capota colocada:

9 Carroçaria de alumínio, na cor prata, fixada sobre um complexo chassis tubular, muito resistente, mas algo pesado.
Foto:


12. SEPARADOS À NASCENÇA.
Como supra nos referimos, eu olho com algum nervoso miudinho para o “K45-286” que está hoje no Museu, quando o comparo com o original de 1948. Para ser sincero, eu não sei se é um carro diferente, ou se é o mesmo carro totalmente descurado na fidelização do protótipo de Gmünd. Claro que, “para inglês ver” o resultado é perfeito. Agora, para os amantes da marca, a opção não foi a mais feliz.
Foto:

Foto 2:

1 – A Insígnia Decorativa. aqui deparamos-nos com um verdadeiro ultraje à História da Porsche. E isto porque as primeiras letras “PORSCHE” datam, de Junho de 1948 e têm uma particularidade que nenhumas outras têm: cada uma das letras da palavra “P*O*R*S*C*H*E” é independente. Eram letras soltas, feitas à mão uma a uma. Tinham o defeito de, com o tempo, não se fixarem direitas, começando a ceder e ficando cada uma delas torta à sua maneira. Eu, por mais que queira, nem consigo estimar o valor que poderão ter estas letras feitas em Gmünd. No Protótipo que está hoje no Museu, colocaram-lhe umas letras “Porsche” que não têm nada a ver com as originais. São de uma época posterior (as primeiras deste género apareceram em 1950) e caracterizam-se pelo facto de as letras estarem todas unidas numa linha horizontal colocada debaixo da inscrição “PORSCHE”. Repetem-se, depois, com o 914, o 911 de 72 e o 924 de 77. A linha unificadora da palavra, veio terminar com o problema referido das letras tortas.
Foto:

2 – A calha dos vidros. – no protótipo de 1948, a calha que segurava e fixava ambos os vidros existia apenas pelo lado interior do carro e não pelo lado interior e exterior como acontece no protótipo do Museu.

3 – O Fixador.- originalmente, porque a calha dos vidros apenas estava colocada por dentro, existia um fixador no cimo da junção e que, em jeito de “arquivador” prendia-os com mais segurança. Essa peça não existe no protótipo actual.

4 – Limpa Pára-brisas. – no protótipo de 1948 o limpa pára-brisas da esquerda descansava para a direita, e o da direita descansava para a esquerda. E isto era assim, porque a motorização do movimento era feita em sentido oposto. De fora, para dentro. No protótipo do Museu, ambos os limpa pára-brisas descansam para o lado direito e a motorização do movimento é feita em sintonia, da esquerda para a direita.

5 – Piscas. - no original são escuros e opacos. No do Museu são claros e transparentes.

6 – Ondulamento da zona frontal. – esta característica é mais difícil de perceber e confirmar, já que só é possível comparar as duas frentes através de fotografias. Em todo o caso, parece-me que originalmente a frente do carro era significativamente mais ondulada em relação à frente actual. Isso poderá ser justificado pela inexistência dos originais moldes de madeira. As próprias matrículas originais e modernas, assentam de forma distinta.
Foto:

7 – Largura do Pára-choques. - o original de 1948 tinha uma largura diferente ao longo do comprimento do pára-choques, sendo mais largo na zona do centro (ponta).

8 – Frisos decorativos. – embora semelhantes, originalmente os frisos eram mais compridos, encostando–se até aos frisos dos piscas, o que não acontece no “K45-286” actual.

9 – Jantes/Tampões das rodas. – outra aberração. O protótipo actual optou pela colocação de umas jantes mais recentes, em LUA, que, em verdade se diga são mais elegantes que as originais. Porém, descuram por completo a originalidade dos tampões do modelo de 1948, muito mais rústicas e simples. O mais certo é terem-se perdido, já que, quando o carro começou a correr, foram-lhe colocadas outros modelos, nomeadamente as refrigeradas mas em versão“destampada”. No protótipo do Museu, foram colocadas umas jantes do tipo “Baby Moon”, ainda por cima as referentes ao modelo com ventilação para os travões (com 10 aberturas por jante – as “baby moon” do modelo pré-A não tinham qualquer respiro) que só vão aparecer em Outubro de 1954.
Foto:

Foto 2: Pormenor da simplicidade das rodas de 1948:

12.1. O INTERIOR DO “k45-286”
Foto:

Foto 2:

Infelizmente, as diferenças do interior do carro em relação ao original de Gmünd, ainda são mais gritantes que o exterior. Nada é fiel ao original. E quando se diz nada, é mesmo nada. Tudo é diferente.

1 – Bancos. – os actuais são completamente distintos dos originais. O conceito original do “banco corrido”, estilo “taberna”, perdeu-se por completo. O carro de Gmünd era um falso 2 lugares, já que, como se disse, permitia a acomodação de um 3.º passageiro. Actualmente os 2 bancos independentes do carro do museu, são absolutamente vulgares.

2, 5, B) – Volante e pormenor do volante. – O primeiro volante colocado no “K45-286” era um volante da Volkswagen dos anos 30. Nada tinha a ver com o sublime e luxuoso volante branco da PETRI. Muito provavelmente, o volante utilizado originalmente nos testes foi “repescado” de algum veículo militar destruído. O volante que foi colocado aquando a conclusão do carro será um volante manufacturado pelo Alemão Gustav Petri, mas não o modelo “Banjo” que actualmente está presente, ou um VDMmuito similar.

Foto: O primeiro volante, que foi utilizado nos testes:

Foto 2: E a primeira vez que foi colocado no protótipo:

Foto 3: A gama “Petri”:

Foto 4: O Petri Banjo:

3, A) – Centro do volante. – mais uma heresia. E das grandes. Em 1948 ainda não tinha sido inventado o escudo da Porsche. O escudo da Porsche só é criado em 1952. Só vai aparecer pela primeira vez num carro Porsche, colocado exactamente naquele lugar (no centro do volante – como buzina) em 1953. O protótipo n.º 1 nunca poderia carregar um escudo da Porsche. O centro original do carro de Gmünd era em plástico cor de marfim.

4 – Interior das portas. – inexistente no 356 de Gmünd. O protótipo apenas possuía nas portas um “porta mapas” feito no mesmo revestimento em vinil.

6, H) – Relógio. – o que existe actualmente no carro do Museu, não pertence à geração de Gmünd. Aparece colocado no lado esquerdo, quando o original aparecia no lado direito do tablier, aposto sob o porta luvas. O relógio actual aparenta ser um “vulgar” VDO, redondo, nem sequer sendo um VEIGEL mais antigo (e que só tinha o 12, 3, 6 e 9). O original era oval e muito provavelmente de origem austríaca.

7, C) – Destacável Tablier. – de design completamente distintos. No carro de 1948, tinha uma cor diferente do restante tablier, contrastando.

8, D) – Painel de instrumentos. – aqui também lamentavelmente não houve qualquer respeito pelo original. Nem sequer houve o cuidado de copiar ou imitar. Toda a instrumentação do protótipo n.º 1 do Museu pertence a uma geração do 356 muito posterior. Tudo é diferente, até o tipo de instrumentação e géneros e números de indicadores informativos. O carro de 1948 apenas possuía um velocímetro com conta quilómetros e não era da VDO como hoje estão colocados. Os velocímetros de Gmünd não eram alemães, nem usados nos Volkswagen. Eram austríacos, fabricados por F. HEITERICH, de Viena de Áustria.

Foto: A instrumentação do 356 pós Gmünd:

Foto 2: O velocímetro de Origem Austríaca:

9 – Marcas de ausência de indicador. – inexistentes no carro original.

10, E) – Espelho retrovisor. – alto e de contornos arredondados no actual; baixo e rectangular no original.

11, 12, 13, F), G) e H) – Porta-luvas, fecho e relógio. – Os feitios são totalmente distintos; assim como os respectivos fechos. O Original era de cor diferente do restante tablier (o que não acontece no actual) e tinha colocado ao centro o relógio oval, que já não existe.
Foto:

Foto 2:

Foto 3: O motor:

12.2. A TRASEIRA.
Foto:

Foto 2:

1 – Letra “A”. – identificadora do país de origem: a Áustria.

2 – Marcas no pára-choques. – inexistentes no pára-choques actual.

3 – Ópticas traseiras. – no original correspondiam a 3 peças acopladas, mas independentes. No carro actual é uma réplica única integral.

Foto:

4 – Capôt traseiro. – de peça única no primeiro e de duas peças no actual (modificação que não augura nada de bom). Actualmente a dupla função do capôt raseiro, serve para autonomizar o acesso ao motor e ao pneu sobressalente. A mala e o depósito da gasolina ficam sob o capôt da frente.

Foto:



13. - A VIDA DO “k45-286” EM IMAGENS:
Foto:

Foto 2:

Foto 3:

Foto 4: A imagem de marca da marca (aqui na versão original em que o Erwin Komenda não é amputado). Se repararem bem, em quase todas as reproduções desta fotografia, só aparece a ponta da gabardina do Komenda:

Foto 5: O carro no Museu e a descrição que o acompanha:

Foto 6:
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Foto 7: Os tempos modernos:

Foto 8:

Foto 9: Ferry Porsche ao volante:

Foto 10: O “K45-286” deu a volta ao Circuito de Nürburgring Nordschleife no dia 15 de Agosto de 1981:

Foto 11: Sessão fotográfica no castelo de Ludwigsburg, perto de Estugarda:

Foto 12:

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Foto 15:

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Foto 17:

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Foto 27: Em 1985, por ocasião da realização do documentário: “The Legendary Sports Cars”.

Foto 28:

Foto 29:

Foto 30: de 23 a 25 de Abril de 2004 o "k45-286" foi a estrela principal da Rennsport Reunion II no evento do Circuito Daytona International Speedway:

Foto 31:

Foto 32:

Foto 33:

Foto 34: Brian Redman, Klaus Bishof, Norbert Singer:

Foto 35:

Foto 36: No Salão Internacional Automóvel de Genéve em 2006 para ser exibido no Stand da conceituada revista automóvel Suíça “Automobil Revue” por ocasião das comemorações do seu 100.º aniversário:

Foto 37: O neto orgulhoso:

Foto 38:

Foto 39: O “k45-286” no patio da Cafeteria da Werk 1 no dia do 65.º aniversário de Wolfgang Porsche, neto do Professor Ferdinand Porsche:


O meu amigo Dr. Fahad Al-Nouri gentilmente enviou-me estas fotos que fazem parte do livro “Porsche 356: Driving in Its Purest Form” de Dirk-Michael Conradt. Na primeira fotografia vemos o protótipo n.º 1 com a matrícula "SZ-2932", Suíça, num encontro em Merano. Podemos ver Ferry Porsche a cumprimentar o então actual proprietário. A segunda é uma fotografia do protótipo quando era propriedade de Hermann Schulthess (o terceiro proprietário do carro) e esta fotografia é a imagem mais fascinante do primeiro Porsche que até hoje tive oportunidade de ver. Uma família inteira deslumbrada pelo Porsche.
Foto:

Foto 2:


14. FIM DA PRIMEIRA PARTE.
Uma palavra final para o “K45-286” e para Ferdinand Porsche:
No momento em que estou a escrever estas palavras, o “K45-286” está em viagem para a América, mais precisamente para a Califórnia, para participar no “North American Concours d'Elegance” que será realizado no próximo dia 14 de Agosto no famoso concurso de elegância de Pebble Beach e que terá lugar no Pebble Beach Golf Links. O motivo são os 60 anos da Porsche. A decisão foi tomada pela casa de Zuffenhausen. Com o intuito de quebrar a maldição das comemorações dos 50 anos com o terrivel acidente de 1998, foi decidido enviar-se novamente o carro para as Américas. E novamente para a Califórnia, onde há 10 anos não conseguiu comparecer.
O sonho do carro desportivo com o seu nome foi conseguido no final da vida de Ferdinand Porsche. Graças ao seu filho Ferry e também à sua filha Louise Piëch que tomou as rédeas de Gmund quando ambos (Pai e filho, tiveram que estar ausentes por razões políticas). No entanto, apesar do projecto do primeiro Porsche lhe ter passado ligeiramente ao lado, ele só é possível por causa do seu trabalho, por causa de toda a sua vida de génio. Sem ele nada teria acontecido. A guerra vai matar Ferdinand Porsche. A sua prisão em França vai ser a última machadada na sua saúde. Ele é libertado em Agosto de 1947 e parte imediatamente para Gmund. Não obstante ter sido libertado, nesta altura da primeira fase da construção do protótipo, Ferdinand Porsche está muito magro e muito debilitado. Ainda vai viver um par de anos e participar (mais de alma do que de corpo) no primeiro Projecto da Porsche. Aquele que era o seu trigésimo quinquagésimo sexto Projecto da sua vida. Em Novembro de 1950 vai ter um ataque do coração. Vai morrer às 13 horas e 49 minutos do dia 30 de Janeiro de 1951 no Marien Hospital vítima de mais uma pneumonia. Na presença de Ferry, Louise, Dodo, Ghislaine e as irmãs, Jutta e Marolina Kaes e dos seus médicos, Dr. Gotz e o Dr. Bosler. Ás 13 horas e 46 minutos, o Padre Johannes ajoelha-se à cama de Ferdinand Porsche para lhe dar a extrema unção. A sua última viagem vai ser em direcção à igreja e ao cemitério, numa carrinha especialmente pedida à Volkswagen. E vai partir para uma última viagem pelo Grossglockner Hochalpenstrasse, no caminho para o prado verdejante de Zell Am See.

Fiel ou infiel, presente ou ausente, o “K45-286” será sempre um carro especial, pelo menos no nosso coração: O primeiro Porsche. O início.


PARTE 2: HÁ VIDA NO “K45-286” PARA ALÉM DO MUSEU.

15. “OS LOUCOS ANOS 60”
Foto:

Foto 2:

Foto 3:

Foto 4:

Foto 5:

Foto 6: 20/6/2008 - O nosso Herói, Dr. Wendelin Wiedeking, Chairman do Executive Board da Porsche AG, entregou 4 modelos do 911 a pedais aos pequenos vencedores de um concurso aquando do evento“Bietigheim Wonderland”, que teve lugar em Bietigheim a 30 e 31 de Maio de 2008. A cerimónia de entrega foi feita no Museu de forma a que fosse apadrinhada pelo “k45-286”:

Foto 7:
Uma famosa cerveja de Salzburgo, na Áustria, elaborou uma edição especial da bebida predilecta de Ferdinand Porsche. No rótulo foi dado destaque ao “K45-286” com uma sombra especial: um Porsche 997 da última geração:


16. “THE AMERICAN DREAM - À DESCOBERTA DO PAPAGAIO CHINÊS”.
Como anteriormente referimos, as comemorações dos 50 anos da Porsche ficaram irremediavelmente manchadas com a desgraça que se abateu sobre o “k45-286” aquando a sua deslocação para a América, onde deveria participar nas celebrações dos 50 anos a ter lugar no Monterrey Historics na Califórnia. Corria o ano de 1998.
A queda que sofreu no Aeroporto de Chicago ao ser retirado do avião que o transportava levou a que tivesse sido forçado a regressar imediatamente a Zuffenhausen.
A Porsche ficou estarrecida com este incidente, não só por ter ocorrido no ano das suas bodas de ouro, mas porque, também, dias antes, a 27 de Março desse fatídico ano de 1998, Ferry Porsche morreu.
A perda do criador da Porsche precisamente antes das comemorações das bodas de ouro, foi um golpe muito rude para a marca. A viagem à América serviria, além do mais, de transferir as festividades para um sítio distante da enlutada Stuttgart.
Foram precisos esperar 10 longos anos, para a Porsche se aventurar novamente a enviar o protótipo n.º 1 para a América, mais precisamente este ano, o ano em que, como sabemos, se comemoram os 60 anos da Porsche. Volvida uma década, o “K45-286” vai cumprir o sonho americano, precocemente interrompido.
A presença do n.º 1 nas terras do Tio Sam é mais do que justa. Primeiro porque os Americanos são os Porschistas mais entusiastas do Planeta e segundo, porque a marca tem naquele Continente o seu maior e mais importante mercado.
O local escolhido para a sua exibição foi o “Pebble Beach Concours d’Elegance” que decorreu no Pebble Beach Golf Links, na Califórnia.
Antes de participar na Exposição, o “K45-286” foi também exibido em Atlanta, em frente da sede da Porsche Norte América (PCNA).

Foto: O Press Release do grandioso acontecimento:

Queria aqui abrir um parêntises para agradecer a preciosa contribuição que chegou da América pela mão de dois Porschistas amigos que muito gentilmente me enviaram as fotografias do “K45-286” destes dois eventos. Quem me conhece sabe que eu andava “mortinho” por vê-las. Foi finalmente quebrada a maldição dos 50 anos.
Muito obrigado por isso ao PETER RITTER pelas fantásticas fotos que tirou em Peeble Beach e ao ANDREW BELDECOS pelas lindíssimas fotos que tirou em Atlanta.
PETER conseguiu até que Klaus Bischof posasse para ele em frente do Protótipo. Uma fotografia histórica pois Bischof é nada mais nada menos do que o Director do Porsche Museum em Zuffenhausen.
Também fantástico e é já para mim uma referência, o artigo publicado por DAN NEIL no Los Angeles Times entitulado “Brand DNA and the prototypical Porsche”. Dan Neil foi um convidado muito especial já que teve oportunidade de conduzir o “K45-286”, experiência que não está ao alcance do comum dos mortais. Foi o próprio Klaus Bischof que lhe confidenciou que ele era apenas a 5.ª pessoa a conduzir o protótipo desde os anos 50. A lista dos anteriores 4 condutores é fácil de adivinhar: o próprio Bischof (actualmente o seu mais assíduo condutor) Ferry Porsche, Wolfgang Porsche e Hermann Rüttger. Ainda assim, sou capaz de jurar que nestes anos já vi mais pessoas ao volante. Pelo menos com o carro parado.
O ensaio de Dan levou-o a considerar o carro surpreendentemente pequenino. Segundo Bishof isso seria uma tradição consequente com a baixa estatura dos Porsche que gostavam dos carros à sua medida.
Mas a minha frase favorita, mítica até, foi a que Dan Neil proferiu para melhor traduzir aquilo que sentiu quando experimentou o carro: “ parece um papagaio chinês com rodas”. Brilhante.

Outro aspecto curioso (e que eu para já abstenho-me de comentar) destacou-se na explicação de Klaus Bishof para o facto de a ignição do automóvel estar no lado esquerdo da coluna de direcção. Segundo ele deveu-se a três razões: para poupar fios eléctricos, para poupar dinheiro e para poupar 200 gramas no peso do carro.

Foto 2: Atlanta. As fotografias de ANDREW BELDECOS.

Foto 3:

Foto 4:

Foto 5:

Foto 6:


Foto 7: As fotografias de PETER RITTER em Peeble Beach:

Foto 8:

Foto 9:

Foto 10:

Foto 11:

Foto 12:

Foto 13:

Foto 14: Klaus Bishof orgulhoso:

Foto 15: A razão de ser deste Blog: uma matrícula da Caríntia:

Foto 16: A comparação com o produto americano:

Foto 17: A largada do “K45-286”:

Foto 18: Dan Neil feliz ao volante:


17. A MATRÍCULA “K45-286” - O SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE VEÍCULOS AUSTRÍACO.
Foto:

O primeiro carro da Porsche, aqui objecto de atenção, tem diversas e distintas designações. Uns chamam-lhe "protótipo 356". Outros “356 roadster”, o “n.º1” ou como a própria família Porsche sempre lhe chamou: “O primeiro”. Como já deve ter dado para ver, eu chamo-lhe“K45-286”, e também uso as outras designações apenas para não soar a papagaio. Referir-me ao carro pela matrícula, talvez tenha a ver com o facto de ela ser a coisa mais original que o automóvel tem e por eu não me identificar muito com esta versão arranjadinha do “primeiro”. Posto isto,
A primeira matrícula austríaca apareceu em 7 de Janeiro de 1906 em Viena, sob imposição da governação do Império Austro-Húngaro. Pode parecer muito tempo, mas nesta altura já circulavam muitos veículos por toda a Europa.
Quem não está familiarizado com este Império, e para que tenha uma ideia da sua dimensão, basta dizer que correspondia a 13 actuais países: Áustria, Hungria, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina e as regiões da Voivodina na Sérvia, Bocas de Kotor no Montenegro, Trentino-Alto Ádige e Trieste na Itália, Transilvânia e parte do Banato na Roménia, Galícia na Polónia e Ruténia (região Subcarpática) na Ucrânia. As matrículas eram de muita simplicidade, feitas em chapa, apostas à frente e a trás, com inscrições a preto em fundo branco.
Existiam 17 letras que correspondiam aos diferentes Reinos do Império Austro-húngaro bem como algumas destinadas aos veículos a determinadas forças públicas do Império, como era o caso da Polícia.
As primeiras matrículas para além da letra só tinham uma numeração com três números. Claro está que, numa extensão tão grande que cobria grande parte da Europa, rapidamente a numeração ficou esgotada. Até porque a Indústria automóvel, evoluía de ano para ano. Para colmatar esta falha, atribuíram-se numerações contínuas aos veículos do Império, sendo que todos os demais tinham a separar a letra dos n.ºs um espaço. Esgotada esta débil solução, foi “fundido” ao sistema de numeração esgotado, uma nova numeração, exactamente igual à primeira, mas de origem romana, dobrando-se assim o n.º de combinações possíveis. Esta metodologia de organização registral acabou, porém, de lançar alguma confusão e algumas matrículas que anteriormente eram muito simples passaram a ser complicadas, por ex. KXIV 746.
A dissolução do Império veio trazer uma profunda reorganização administrativa, bem como posteriormente após a ocupação Russa. O certo é que, até chegarmos ao sistema de matriculação que nos interessa, irão suceder ainda outros 2 diferentes conjuntos de regras de organização de sinais distintivos. Vão aparecer brasões e desaparecer brasões; vão mudar cores e extensão da matrícula.
A matrícula “K-45-286” vai integrar o quarto sistema organizativo instituído precisamente em 1947, na altura em que o primeiro Porsche estava a ser construído. A Áustria foi dividida em Estados que agregavam 11 regiões: a cada uma dessas regiões era atribuída uma letra.BBurgenland, G Graz (capital do estado Estíria), K Caríntia, L Linz (capital da Alta Áustria), N Baixa Áustria, Ó Alta Áustria (sem estado capital Linz), S Salzburgo, St Estíria (com excepção da cidade de Graz), T Tirol, V Vorarlberg, W Viena
As características foram originárias de 1939: painéis em chapa preta com inscrições a branco, elemento separador e ausência de qualquer escudo ou brasão. Até 1947 aparecia à esquerda o brasão federal, e à direita o brasão do país. Os veículos estatais (como por ex. o dos transportes públicos) eram os únicos que apresentavam duas letras. O sistema numérico representante do código do país estendia-se até um máximo de 6 dígitos.

18. PARA GUARDAR.
Foto :

Foto 2:

Foto 3:

Foto: Muito rara carta do "Top Trumps" onde se vê o N.º 1 encostado antes do restauro em Zuffenhausen:

Foto 4:


19. - BROCHURAS, CATÁLOGOS E REVISTAS.

Foto: 1978 catálogo “The Porsche Family Tree”Porsche + Audi:

Foto 2: Porsche News 01 ano 2008:

Foto 3: revista “Excellence” Outubro de 2008:

Foto 4: "DeA" 1/43 PORSCHE 356 No 1 ROADSTER 1948:

Foto 5:

Foto 6: TESTORS Porsche 356 Prototype no. 1 Roadster Limited Edition KIT (Thailand):

Foto 7:

Foto 8:

Foto 9: PORSCHE HERITAGE COLLECTION. 1948 Porsche Nr. 1, Typ 356 Roadster editada pela Paul's Model Art GmbH para a Minichamps. Limited Edition escala 1:43:

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ॐ नमःशिवाय