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Antigo 12-08-2014, 21:53
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Padrão Mercedes W8 "Nürburg", o primeiro Papamóvel


Quando Ferdinand Porsche assumiu o cargo de Director Técnico da Mercedes, em 1923, substituindo Paul Daimler, um dos objectivos a que se propôs foi o de proceder a uma completa renovação da gama do construtor germânico.


Desta renovação resultaram modelos lendários como os Mercedes SS / SSk mas também carros mais convencionais como, por exemplo, o W8 de 1928, também conhecido como Mercedes-Benz Nürburg 460.


O 460 era um carro grande e pesado, com quase 5 metros de comprimento, 1,90 metros de altura e um peso que superava largamente as duas toneladas. Era bastante tradicional, mesmo algo fora de moda, mas representava a aposta da Mercedes para superar os luxuosos Horch. Ainda assim, dispunha de um novo motor de 8 cilindros em linha com 4.622 centímetros cúbicos que, com a potência de 80 cavalos às 3400 rotações, autorizava uma velocidade ligeiramente superior aos 100 km/h .


Não é pois de estranhar que, quando o Vaticano deliberou dotar o Sumo-sacerdote de um meio de transporte dedicado, concebido em função do seu estatuto e necessidades, a escolha recaiu muito naturalmente no W8 “Nürburg”.


O projecto do “carro de Roma”, para além de particular motivo de orgulho, tornou-se numa das mais altas prioridades dos engenheiros e carroçadores da marca durante o ano de 1929. Não era motivo para menos, estavam a produzir o primeiro Papamóvel e não se esparrava que qualquer detalhe ficasse aquém da perfeição.


Se a mecânica era idêntica à do “Nürburg” de série e o exterior poucas alterações sofreu já o interior foi completamente concebido em função da significância do seu destinatário.
Elemento fundamental o “trono” de sua Santidade, com amortecimento a ar e forrado da mais fina seda, dispunha de um dispositivo nunca antes visto. Um painel de controlo através do qual o Papa podia dar instruções ao “chaufer” sobre o andamento ou o destino a seguir.


Uma imagem singular simbolizando o Espirito Santo, bordada pelo Padre Cornelius do mosteiro de Beuron destacava-se na relativa sobriedade do espaço Papal onde pontuavam as madeiras nobres e os melhores tecidos.
A carroçaria foi acabada numa pintura de um preto específico e os vidros, previstos para ser de cristal, eram uma forma incipiente de vidro laminado, designado de Kinon safety glass


Previsto para ser entregue no Inverno de 1929, apenas na primavera do ano seguinte pode ser conduzido até à cidade do Vaticano a fim de ser entregue a Sua Santidade o Papa Pio XI que, depois de o receber pessoalmente e de um curto passeio experimental pelos jardins da santa Sé, não se inibiu de manifestar a sua plena aprovação apelidando-o de “uma maravilha da moderna engenharia”

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“The 3.2 litre engine is the best that Porsche ever made” Walter Röhrl
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