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Vizualizar Versão Completa : Porsche compra primeiro veículo desenhado por Ferdinand Porsche


Ace
28-01-2014, 20:22
Publicado hoje 28/01/2014 por Diogo Teixeira em "Razão Automóvel" -http://www.razaoautomovel.com/2014/01/ferdinand-porsche- o seguinte artigo que reproduzo com a devida :bow:

Comentários ficam para depois


http://www.razaoautomovel.com/wp-content/uploads/2014/01/Ferdinand-Porsche-1-790x526.jpg

O primeiro veículo desenhado e construído por Ferdinand Porsche era elétrico e no seu histórico conta com uma vitória numa corrida. Foi comprado pelo Museu da Porsche, por um valor que não é público.

O Egger-Lohner C.2 Phaeton (Porsche P1) foi o primeiro carro construído e desenhado por Ferdinand Porsche. Fez a sua primeira aparição em público no dia 26 de Junho de 1898, em Viena, tendo sido um dos primeiros veículos a ser registado na Áustria. O primeiro «teste de ferro» ao Porsche P1, foi realizado no âmbito do Salão Internacional de Berlim em Setembro de 1899, com o anúncio de uma corrida de automóveis elétricos, que se viria a realizar a 28 de Setembro de 1899.

http://www.razaoautomovel.com/wp-content/uploads/2014/01/Ferdinand-Porsche-5.jpg

Se os números anunciados para os veículos elétricos modernos vos impressionam, então os dados técnicos deste Egger-Lohner C.2 Phaeton de 1898, vão deixar-vos boquiabertos. Estávamos em 1898 (há 116 anos) e já Ferdinand Porsche, com 23 anos, tinha construído e desenhado o seu primeiro automóvel, um elétrico. Com uma autonomia de 80 km, produzia 5 cv de potência e atingia uns respeitáveis 35 km/h e acoplado ao motor elétrico estava um comando, em jeito de caixa de velocidades, com 12 relações (!).

Em 1899, este Egger-Lohner C.2 Phaeton, foi um sucesso na corrida exclusiva para carros elétricos. Venceu, terminado a prova 18 minutos à frente do segundo classificado. Mais de metade dos participantes tentaram apenas chegar ao fim e sem sucesso, pois devido a dificuldades técnicas, viram-se forçados a abandonar a corrida.

http://www.razaoautomovel.com/wp-content/uploads/2014/01/Ferdinand-Porsche-3.jpg

Depois de muito tempo «fora de casa», o Museu da Porsche adiciona à sua coleção este exemplar de valor incalculável, o primeiro de todos os automóveis que o génio de Ferdinand Porsche ajudou a erguer. Com a descrição “Porsche P1″ gravada em vários elementos por todo o carro, esta primeira obra de Ferdinand Porsche, esteve fechada num armazém durante 112 anos, desde 1902.

http://www.razaoautomovel.com/wp-content/uploads/2014/01/Ferdinand-Porsche-4.jpg
http://www.razaoautomovel.com/wp-content/uploads/2014/01/Ferdinand-Porsche-2.jpg

Panamericana
28-01-2014, 21:11
Fantástico!

Aos poucos, vão-se reunindo maravilhosos testemunhos do génio Porsche.
Eu, pessoalmente das vezes que me desloco ao museu de Zuffenhausen fico mais entusiasmado em contemplar as diversas obras/ramificações da obra iniciada pelo professor Porsche, do que propriamente "carros de corridas" ou 911 diversos...

:bow:

Diácono Luís
28-01-2014, 21:45
Fantástica notícia...

Obrigado pela partilha, e anseio por mais comentários.

Como esteve este carro oculto tantos anos?

Rambo
28-01-2014, 21:54
A verdadeira Carroça!

DjiBi
28-01-2014, 22:08
Interessante e animadora esta notícia, e pela foto parece que o carro, (ou o que resta dele), já está no museu!
Será que vai ser restaurado de forma a reproduzir o mais aproximadamente possivel aquilo que era, quando foi construído? (parece-me tarefa bem complicada, se não impossível!)

Peiroteu
28-01-2014, 22:26
Muito curiosa a reprodução da antiga carrocerie desaparecida, em acrílico !

bg2
28-01-2014, 23:07
são boas noticias, pela foto já parece estar exposto

zico
28-01-2014, 23:11
Mais um embuste?

Peiroteu
28-01-2014, 23:27
Mais um embuste?

???

zico
29-01-2014, 1:58
O "Egger Lohner Elektromobil" (de volante a 90º com maçaneta) que eu julgo conhecer e que Ferdinand Porsche terá participado antes de 1900 ( entre 1896 e 1898 ) é o que está exposto há décadas no Museu Técnico de Viena. Ainda assim antes de 1899 estes carros estavam patenteados em nome de Béla Egger e do filho Ernst.
A jogada da Porsche é evidente: finalmente vai acabar com o ridículo da exposição no seu Museu da roda de 1900 (que nem desse ano é... é bem anterior) e acabar com o tormento de não ter na sua posse o Lohner modelo 27 da exposição de Paris de 1900. Também perdido para o Museu Técnico de Viena.

O anúncio da "descoberta" "The return of the P1" é uma jogada de marketing. Que conveniente!

Depois amanhã venho aqui desenvolver mais qualquer coisa, embora o Armando seja um expert nisto.


49007

Tenho pena de Ferry Porsche. Pelos vistos estava enganado...coitado.

49008

Diácono Luís
29-01-2014, 7:59
[JUSTIFY]e acabar com o tormento de não ter na sua posse o Lohner modelo 27 da exposição de Paris de 1900. Também perdido para o Museu Técnico de Viena.


Quer dizer que Lohner da exposição de Paris existe? É que eu pensava que não existia qualquer modelo, e que a única coisa que existia era uma réplica, que por acaso estava em Bruxelas, e mesmo assim numa configuração de 2 lugares.

Realmente eu não percebo nada disto!

zico
29-01-2014, 13:51
Mais uma achega. Este automóvel agora comprado e exposto, foi feito numa parceria da Lohner com a Bela Egger & Co., uma empresa onde o jovem estudante Ferdinand Porsche estagiava como electricista.
É certo que aquilo tem a sua mão e a sua contribuição na autoria, mas custa-me muito a crer que o tenha marcado com “P1’s”, quando a sua participação no projecto tinha necessariamente que ser secundária.
Ao longo da sua história, a passagem de Ferdinand Porsche pela Bela Egger & Co. (onde ingressou em 1893) tem sido referida oficialmente apenas como um local de estágio de Ferdinand Porsche. Oficialmente, as referências a automóveis da sua “autoria” apenas surgem após a sua entrada em 1898 na k. u. k. Hofwagenfabrik Jacob Lohner & Co. (também de Viena) – para onde vai desenvolver o Lohner Wagen – modelo 27 - mais conhecido como a “cadeira” (por parecer isso mesmo).
Estranha-se, assim, que estes automóveis do tempo da Bela Egger & Co. estejam agora a ser considerados como “os primeiros Porsches”, quando até agora nunca o foram…
Repare-se que o automóvel de 1900 (o Elektrischer Phaeton) era na altura apresentado como “LOHNER-PORSCHE”, ao passo que este é um “EGGER-LOHNER”.
Parece, portanto, que vai agora cair o destaque da referência do ano de 1900.

Alguns exemplos:

- O Resumo oficial de Ferdinand Porsche no antigo Museu da Porsche, donde consta a passagem de Ferdinand pela Bela Egger mas sem qualquer referência a criações – que aparecem na referência seguinte com a menção do ingresso de Porsche na Lohner para desenvolver o automóvel de 1900.

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- A própria Porsche também assim sempre se referiu, como se vê pelo Press Releases datado de 2011 a propósito da recuperação do Semper Vivus.

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- No livro oficial dedicado à memória de Ferdinand Porsche, também a inevitável referência de 1900.

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- O actual Museu da Porsche com a roda referida como 1900 e a respectiva descrição.

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- Reproduções de anúncios da época também em livro oficial da marca.

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bg2
29-01-2014, 18:20
eles tinham que ter o mais antigo

nem que seja o mais antigo em que ferdinand apertou um parafuso :)

zico
29-01-2014, 22:11
eles tinham que ter o mais antigo

nem que seja o mais antigo em que ferdinand apertou um parafuso :)

Pois é. Não dão ponto sem nó. Reparaste que no Press R. Falam do 918? Tem tudo a ver :D

bg2
29-01-2014, 22:26
tem tudo a ver :)

Peiroteu
29-01-2014, 23:54
... pois !

zico
30-01-2014, 9:54
Encontrei num livro este anúncio da Lohner que parece mostrar o P1 ou um seu semelhante (o que está no centro da imagem).

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zico
30-01-2014, 10:15
Uma pergunta para quem já foi ao Museu: alguém tem uma fotografia desta cronologia da parede?

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Ace
30-01-2014, 22:05
Também vou dar umas achegas:


Se vos acontecer estar em Viena, sugiro que façam um pequeno percurso. Comecem na esquina em que se cruzam a Porzellangasse, a Bergasse e a Servitengasse. É um local bastante acessível e, se apanharem o histórico eléctrico da cidade (linha 1 D) junto à Opera e saírem em Schlickgasse, não demorarão mais de 15 minutos.

Aí chegados não poderão deixar de ver as antigas instalações da Lohnerwerke. É o nº 2 da Porzellangasse (uma das ruas mais bonitas de Viena) e, sobre as três portas de dimensões generosas, numa varanda suportada por colunas de pedra, ostenta, tal como em 1898, o nome da firma em tons de dourado.

Praticamente em frente encontra-se a Bergasse onde, sensivelmente a meio do primeiro quarteirão, Sigmund Freud tinha o seu consultório(hoje Museu). Assomando à janela este podia assistir com incredulidade as atribulações de um grupo de indivíduos que tentavam fazer andar carroças sem cavalos. (*)

Mas a rua continua e, passado o cruzamento com a Liechtensteinstraße ganha alguma inclinação, trepando pela colina dominada pela bela igreja de Votiv e pela Universidade de Viena. Porém não precisam de continuar pois já terão percorrido todo o cenário onde se desenrolaram os acontecimentos de 26 de Junho de 1898.



(*)estou mesmo em crer que, por via disto, (atenção senhores do marketing) Ferdinand Porsche terá também tido um papel importante no desenvolvimento da Psicanálise:devil::-D

Ace
30-01-2014, 22:17
É precisamente neste início da subida que o Lohner, com o motor Egger e as suas pesadas baterias, cessa insistentemente a sua progressão. Embora em terreno plano conseguisse arrastar-se com algum sucesso não estava definitivamente talhado para o prémio da montanha (por pequena que esta fosse).

Foi então que Lohner pediu ajuda ao fornecedor dos motores, a Bella Egger que lhe enviou um ajudante, um moço hábil e engenhoso que já era assistente do departamento de testes, Ferdinand Porsche.

Porsche não gostou do que viu e, embora não se tenha escusado diligenciar alguns aperfeiçoamentos no veículo, terá deixado claro a Ludwing Lohner que todo o projecto estava errado e era necessário refazê-lo por completo se queria ter alguma viabilidade.
Este ainda tentou comercializar o modelo (como o prova o seguinte anuncio publicado num periódico francês) mas sem qualquer sucesso e o número de exemplares produzidos não chegará à meia-dúzia.

49063


E foi assim, supostamente, que começou o relacionamento entre Porsche e a Lohner que viria a culminar na sua saída da Egger para ingressar nos quadros da Lohnerwerke poucos meses depois.

PS: Esta foi a história que eu sempre conheci e que me parece bastante mais plausível do que a novela que nos tentam vender.
Logo que possa (está tudo muito negro para os meus lados neste momento) vou tentar demonstrá-lo com mais alguns argumentos, a juntar aos sempre brilhantes do Zico.

Peiroteu
30-01-2014, 23:59
Obrigado Zico e Ace por iluminarem os nossos espíritos com a luz da vossa sabedoria.

trovisqueira
31-01-2014, 6:12
Assim sendo, uma novela interessante.
Pena nenhum produtor de filmes se interessar a história da personagem prf.Porsche como inventor e criar um filme tipo o do Tucker (não sei como bem escrever o nome deste Americano) devia ser interessante.

DjiBi
31-01-2014, 8:51
É fascinante mergulhar no passado mais remoto de Ferdinand Porsche guiado pelo Zico e pelo Ace, e com o apoio documental que nos proporcionam!
Obrigado, e cá ficamos à espera de mais desenvolvimentos.

Ace
31-01-2014, 8:59
Sobre o relacionamento entre Ludwig Lohner e Ferdinand Porsche, escrevi para a AutoVintage algumas linhas que foram publicadas na edição de Outubro de 2011:

Em finais do séc. XIX, Ludwig Lohner, ao aventurar-se na construção de automóveis, tinha perfeita consciência de que não se podia quedar aquém da excelência. Assim lho exigia o prestígio e tradição da sua empresa, a kaiserliche und Königliche Hof Wagen fabrik Jakob Lohner & Cº, como a tal o obrigava uma crescente concorrência, sobretudo de franceses e alemães, com créditos firmados no meio. Porém, apesar de todo o empenho colocado no projecto, a sua concretização revelou-se bastante mais difícil do que tinha antecipado. A sua busca por um motor apropriado limitara-se a acumular frustrações. Benz não tinha capacidade, a Daimler exigia condições inaceitáveis e de França apenas conseguiu motorizações medíocres. Chegou a sondar Rudolf Diesel sobre a viabilidade de utilização seus motores mas, perante mais uma negativa, acabou por se converter à única alternativa possível: o motor eléctrico.
Para tal recorreu à vizinha Vereinigte Elektricitäts-Aktiengesellschaft Bela Egger & Co. mas as primeiras tentativas foram decepcionantes. O Lohner eléctrico, embora se movesse, renunciava perante a menor inclinação do terreno. Contudo o relacionamento com a Bella Egger não foi de todo improdutivo. Permitiu a Ludwig Lohner encontrar um jovem que foi para ele uma revelação. Era um aprendiz vindo da província, recentemente promovido a assistente do departamento de testes da Egger. Chamava-se Ferdinand Porsche e, mais importante do que tudo, aparentava ter resposta para todas as dificuldades até aí encontradas. Lohner, profundamente Impressionado, tudo fez para garantir os seus serviços, concedendo-lhe mesmo condições ímpares como uma quase total liberdade criativa ou a possibilidade de ter o seu nome associado aos automóveis a construir. Não viria, tão cedo, a arrepender-se.

… de alguma forma é um resumo, sujeito aos constrangimentos do espaço disponível na revista, que eventualmente levam a que detalhes de alguma relevância sejam omitidos.

Aproveitando o pretexto deste enésimo “primeiro Porsche”, vamos tentar expandir um pouco esta parte da pré-história Porsche.

Durante o FDS espero colocar aqui o percurso de Lohner como construtor AP (antes de Porsche)

zico
01-02-2014, 14:20
Ninguém melhor que o Armando para nos "guiar" pela antiga Viena...é como se estivéssemos lá. E os seus conhecimentos técnico-mecânicos são uma grande mais valia para nós. Eu não os tenho nem nunca os terei. Obrigado ACE.

arqfod
01-02-2014, 17:06
:clap::clap::clap::clap::clap:

49229

Ace
01-02-2014, 17:40
Continuando, conforme o prometido...

(peço antecipadamente desculpa por qualquer incorrecção pois não foi revisto nem sequer relido)

A Lohner antes de Porsche (1)
A História da Lohner começa em 1811 quando Heinrich Lohner (1786- 1855), artesão especializado em rodas de carruagens, deixa a sua natal Mayen, no Reno, para se mudar com a respectiva família para Viena.
Dez anos mais tarde, ao mesmo tempo que adquire a nacionalidade austríaca, estabelece-se por conta própria como mestre carroceiro para, em 1923, se associar a Ludwig Laurenzi, um especialista na fabricação de selas e arreios, constituindo então a Laurenzi & Lohner.
Após a morte de Laurenzi, o filho de Heinrich, Jacob Lohner (1821 –1892) assume a direcção da empresa, que passa a chamar-se Jacob Lohner & Co, já nas instalações da Porzellangasse e da Servitengasse, em Viena.
Jacob tinha viajado e ganho experiencia um pouco por toda a europa, da República Checa à Inglaterra passando pela Alemanha, Bélgica, Holanda, França e Suíça, vai transformar a empresa numa indústria moderna com oficinas distintas para carpinteiros, ferreiros, pintores, decoradores e ainda uma serração e fundição alimentadas por máquina a vapor, em Florisdorf.
A qualidade da manufactura ganha rapidamente fama, na Áustria e no estrangeiro. Em 1960 é já fornecedor da casa real Sueca e conta como clientes a mais alta nobreza europeia para, em 1887, ano em que a empresa passa para as mãos do seu filho Ludwig Lohner (1858–1925), atingir o bonito número de 10.000 carruagens produzidas.
Ludwig, tal como seu pai, era um homem moderno e viajado e não tardou a impor o seu cunho na empresa. Fazendo apelo a maquinaria e métodos de trabalho actualizados podia produzir mais de 500 luxuosas carruagens por ano e era fornecedor oficial das monarquias da Norueguesa, Sueca e Romena, bem como da casa imperial austríaca que lhe conferiu, em 1892, o título de kaiserliche und Königliche Hof Wagen fabrik (Construtor real e imperial de carrugens).
Porém com o aparecimento dos primeiros automóveis Ludwig Lohner rapidamente se consciencializou de que o negócio das carruagens tinha os dias contados. Não querendo ficar para trás decidiu começar ele próprio a produzir “carruagens sem cavalos”. Para tal viajou, especialmente pela França e Alemanha, tentou inteirar-se de tanto quanto podia das tecnologias envolvidas e comprou mesmo para si em 1892 um phaéton Peugeot que foi o primeiro carro a circular em Viena e apenas o quarto em todo o Império Austro-Hungaro.
Uma das maiores dificuldades com que se deparou foi com a indisponibilidade dos escassos fabricantes de motores para lhe fornecerem uma motorização adequada. Carl Benz, Gotlieb Daimler e Wilhelm Maybach recusam perentoriamente servi-lo e embora tente mesmo negociar a utilização dos motores de Rudolph Diesel, estes ainda não estão aptos a uma utilização móvel.
Em desespero de causa recorre a uma firma francesa, a Lefèbre-Fessard que produz um bi-cilindrico com 6 CV, a gasolina, designado de “Pygmée”. Lohner concebe assim o seu primeiro automóvel, em finais de 1897/princípio de 1898.
É um rotundo fracasso. Apesar de o tentar publicitar além-fronteiras, em França e na Alemanha, apenas são construídos quatro exemplares e provavelmente nenhum terá sido vendido.


Publicado na edição de Janeiro de 1898 do “La France Automobile” esté é o único “retrato” que tenho do Lohner a gasolina:


49230



… e vou aproveitar para fazer uma pausa, deixar que comparem bem esta foto com as que abrem o tópico e esperar que comecem a tirar as vossas conclusões…

Fuchs
01-02-2014, 22:51
../..

Fuchs
01-02-2014, 22:55
Falsificação descarada?

http://www.focus.de/auto/gebrauchtwagen/oldtimer/wirbel-um-ersten-porsche-gutachter-p1-ist-eine-faelschung_id_3583168.html

Ace
02-02-2014, 8:24
Falsificação descarada?

http://www.focus.de/auto/gebrauchtwagen/oldtimer/wirbel-um-ersten-porsche-gutachter-p1-ist-eine-faelschung_id_3583168.html

... e estava eu p'raqui com "paninhos quentes", a "fazer render o meu peixe" e estes tipos põem logo a carne toda no assador.

Era por demais óbvio que a reivindicação do Museu era/é, no mínimo, forçada. Não tinha, tanto quanto abarco, nenhum suporte histórico/documental nem encaixava na cronologia dos factos estabelecidos, logo era fortemente suspeita de não passar de mais uma tentativa de reescrever a história em favor das convenientes e previsíveis jogadas de marketing, tal como o Zico afirmou alguns posts atrás.
Porém não era preciso ir tão longe. Até estamos habituados a uma certa falta de rigor e a algum embelezamento dos factos. Mas chegar ao ponto de duvidar se haverá simples incúria ou ignorância ou, perante o exposto na “Focus” se se trata de uma trapaça descarada vai um longo e lamentável caminho.
Independentemente de a Porsche ser culpada ou vítima neste processo é profundamente lastimável este desenlace pois o veículo tem um valor indiscutível como património automóvel e uma enorme importância para a história de Porsche, mas isso, obviamente, não lhes chegava.


PS: Vou continuar, logo que possa com a breve história dos Lohner. Entretanto manifestem-se à vontade...

Ace
02-02-2014, 9:22
para entreter

http://www.youtube.com/watch?v=SG2-LNbNnYQ

arqfod
02-02-2014, 9:51
49274

arqfod
02-02-2014, 9:54
TUDOR :*::*::*::*::*:

Aqui virá mais história, e muito importante, decerto..!!!

49275

arqfod
02-02-2014, 9:57
49276

Ace
02-02-2014, 11:58
A Lohner antes de Porsche (2)
Ou o primeiro Lohner Eléctrico


Nos finais do século XIX o motor de combustão interna ainda não tinha ganho ascendente sobre a máquina a vapor ou o motor electrico. Os pioneiros dedicavam-se a todas estas tecnologias com igual interesse e nenhuma apresentava um conjunto de vantagens definitivamente superior.
Não é de estranhar que Ludwig Lohner se tenha interessado pela locomoção electrica. Era limpa e silenciosa e, eventualmente mais importante, encontrou na Béla Egger & Co. um parceiro que, para além de ser austríaco, participava já no advento da electrificação dos famosos “Trams” Vienenses.
O primeiro motor fornecido a Lohner debitava cerca de 3 CV e necessitava de mais de 400kg de baterias o que, por sua vez exigia um chassis robusto e pesado. O carro resultante tinha o motor colocado sobre um eixo dianteiro rígido, sendo a tracção feita às rodas da frente por meio de um diferencial. Logicamente a direcção era feita pelas rodas traseiras o que adicionava também alguma complexidade.
Tal como o anterior apenas conheço uma foto publicada no “La France Automobile” em Dezembro de 1898:

49281


É quase certo que Porsche não participou na concepção deste Lohner, embora certamente tenha tido conhecimento da sua existência, que mais não seja pela forte probabilidade de ser este o protagonista dos acontecimentos de 26 de Junho de 1898 (ver posts nº 19 e 20). Também é quase certo que nunca foi comercializado, apesar de algo muito semelhante aparecer na publicidade apresentada pelo Zico no post nº 17:

http://www.lehrenkrauscafe.com/vbforum/attachment.php?attachmentid=49032&d=1391079281

DjiBi
02-02-2014, 13:37
[JUSTIFY]... e estava eu p'raqui com "paninhos quentes", a "fazer render o meu peixe" e estes tipos põem logo a carne toda no assador.

Era por demais óbvio que a reivindicação do Museu era/é, no mínimo, forçada. Não tinha, tanto quanto abarco, nenhum suporte histórico/documental nem encaixava na cronologia dos factos estabelecidos, logo era fortemente suspeita de não passar de mais uma tentativa de reescrever a história em favor das convenientes e previsíveis jogadas de marketing, tal como o Zico afirmou alguns posts atrás.
Porém não era preciso ir tão longe. Até estamos habituados a uma certa falta de rigor e a algum embelezamento dos factos. Mas chegar ao ponto de duvidar se haverá simples incúria ou ignorância ou, perante o exposto na “Focus” se se trata de uma trapaça descarada vai um longo e lamentável caminho.
Independentemente de a Porsche ser culpada ou vítima neste processo é profundamente lastimável este desenlace pois o veículo tem um valor indiscutível como património automóvel e uma enorme importância para a história de Porsche, mas isso, obviamente, não lhes chegava.

...
JUSTIFY]

A confirmar-se toda esta enorme "embrulhada" só tenho a dizer, parafraseando um célebre Diácono:

"Meus amigo..zzz, zzz, zzzz, não havia nexecidade...!!":?:

Ace
02-02-2014, 15:11
Pois é DjiBi. ... zzz, zzzz, não havia nexecidade...!!

Entretanto vão-se sabendo mais pormenores que em nada melhoram o panorama.

Por exemplo o carro não foi descoberto num celeiro nem nada que se pareça. Esteve até 2009 no depósito do Museu Técnico de Viena (onde está exposto outro exemplar do Lohner C2), altura em que foi trocado por outros 2 carros que o Museu entendeu como mais interessantes.

As fotos que o Fuchs colocou alguns posts atrás, onde não aparece a gravação "P1", foram tiradas ainda no Technische Museum e fazem parte de um relatório elaborado na altura da referida troca.

A confirmar-se tudo isto, as gravações com o "P1" têm menos de 4 anos logo são uma fraude e é inconcebível como Wolfgang Porsche (que o comprou) e o Museu Porsche se deixam enrolar numa novela destas.

Ace
02-02-2014, 15:19
A peça parece-me ser nitidamente a mesma. Até as manchas e os riscos são coincidentes...

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Pedro928
02-02-2014, 16:09
Uma pergunta para quem já foi ao Museu: alguém tem uma fotografia desta cronologia da parede?


49033



Há (quase) 4 anos rezava assim...8)

http://i266.photobucket.com/albums/ii267/Pedro928/DSC00240_zps1beac657.jpg (http://s266.photobucket.com/user/Pedro928/media/DSC00240_zps1beac657.jpg.html)

http://i266.photobucket.com/albums/ii267/Pedro928/DSC00240b_zps8ad7dcd7.jpg (http://s266.photobucket.com/user/Pedro928/media/DSC00240b_zps8ad7dcd7.jpg.html)

Pedro928
02-02-2014, 16:15
A peça parece-me ser nitidamente a mesma. Até as manchas e os riscos são coincidentes...


49284


Ó Ace, há umas maquinetas "gravadoras" no Lidl impecáveis... :p



("Inté" fazem Ps e 1s...)

zico
03-02-2014, 17:16
Pedro: Muito obrigado pela fotografia!! Interessante como a referência à entrada de Ferdinand na Lohner vem colocada "intemporalmente" algures entre 1897 (que não foi) e 1900. Vamos agora esperar pela alteração para vermos a diferença.

No que toca aos "P1" tudo leva a crer que seja de facto como referimos. Naquela altura seria quase impensável que fosse permitido ao jovem Ferdinand "tagar" o automóvel dessa forma, nomeadamente em peças tão visíveis como o centro das rodas.
Ainda assim, as fotografias comparativas de 2009 e de agora, em termos de prova não avançam grande coisa, já que são facilmente editadas em photoshop.
Por outro lado, se Ferdinand Porsche tivesse marcado aquele automóvel com "P1's", o mais provável era que nos seguintes aparecessem "P2's e "P3's" e por aí fora...
Pode é dar-se outro caso...de a referência ter sido colocada mais recentemente, por outra pessoa. Repare-se que no anúncio oficial, a Porsche não diz que o tag foi original da época, referindo-se apenas que: "Com a descrição “Porsche P1″ gravada em vários elementos por todo o carro..."

arqfod
05-02-2014, 20:31
49391

Rambo
05-02-2014, 20:31
Acabou de passar no jornal da noite (tvi) esta notícia

Diácono Luís
06-02-2014, 15:33
para entreter II

http://www.youtube.com/watch?v=LXp86xFTJjg

http://www.youtube.com/watch?v=RQP4bFAOAZc

http://www.youtube.com/watch?v=QsZgP7DapGU&feature=

arqfod
08-02-2014, 0:05
49440

Diácono Luís
14-02-2014, 17:01
A mensagem começa a passar... e a imprensa faz eco dela...

Com a devida vénia à publicação em causa...



49537

arqfod
12-03-2014, 7:18
:nerd::nerd::nerd:

Assumem o P1 como marca aposta na "época" pelo Ferdinand Porsche...

:?::?::?: forte é a tentação de fazer passar para a história...(?) ou há documentação de suporte (?)

50197

arqfod
12-03-2014, 7:21
50198

arqfod
12-03-2014, 7:24
:sun::sun::sun:

Uma bela imagem...!!!

:sun::sun::sun:

50199

Créditos à Christóporus

Ace
12-03-2014, 14:03
:nerd::nerd::nerd:

Assumem o P1 como marca aposta na "época" pelo Ferdinand Porsche...

:?::?::?: forte é a tentação de fazer passar para a história...(?) ou há documentação de suporte (?)



Se alguma documentação houver, talvez fosse uma boa altura para a apresentar. Digo eu...
Já agora o Dieter Landenberger, que prometeu analisar as marcas apostas, podia divulgar as respectivas conclusões, se as houve...

Por outro lado, se Porsche tivesse sido o criador do Lohner C2, porque não fez uso do seu Radnabenmotor supostamente patenteado no ano anterior e aplicado em todos os Lohner que veio a projectar?

Depois basta comparar o chassis exposto no museu com o da foto do Lohner com motor a gasolina (ver abaixo) para se perceber que o primeiro é virtualmente uma cópia "a papel-químico" do segundo em que as poucas diferenças são devidas à necessidade de suportar um peso acrescido.
Sendo Lohner a gasolina anterior à colaboração de Porsche com a Lohner, parece-me que só há uma conclusão lógica a tirar...

http://www.razaoautomovel.com/wp-content/uploads/2014/01/Ferdinand-Porsche-1-790x526.jpg
http://www.lehrenkrauscafe.com/vbforum/attachment.php?attachmentid=49230&d=1391279820


Como já referi anteriormente, perante a documentação existente, parece-me ser indiscutível a participação de Ferdinand Porsche na génese do Lohner C2. Continuo porém a achar mais do que forçada a reevindicação pela sua paternidade.

Ace
12-03-2014, 14:43
Já inequivoco é que as células e baterias eram tal como referi, TUDOR..!!!

Quanto às baterias do Lohner C2 (até prova em contrário recuso-me a chamar-lhe P1) não tenho nenhuma referência. Porém, a titulo de curiosidade, os acumuladores usados nos Lohner-Porsche subsequentes eram produzidos por Wüste und Rupprecht, em Baden, nos arredores de Viena, logo de fabrico austríaco.
Eram compostas por placas positivas (5) e negativas (6) de chumbo, submersas num electrólito e encerradas num recipiente de baquelite. Cada uma pesava 6,75 kg media 27,5 x 10 x 9 centímetros e eram associadas de forma a debitar 90 ou mais amperes.

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